Livro Raízes: Relatos históricos do passado coincidem com os dias atuais



A POLÍTICA EM BOM CONSELHO

Os anos foram passando e a vida em Bom Conselho continuava feliz. O chefe político ia regularmente a Recife, de três em três meses, para prestar contas e receber ordens e o Cel. Augusto com tôda a fõrça no govêrno. 

Confiado nessa fórça o delegado Bernardo e Augusta — filha mais velha do coronel, que morava com o pai desde que ficara viúva de José Souto — trataram de fazer certos negócios que davam bons lucros, mas que colocavam os fazendeiros e proprietários em choque, e criaram uma corrente inimiga para o Cel. Augusto. 

Nesta época o município de Bom Conselho passou a ser dependente de Garanhuns, onde era chefe político o Dr. Jardim, juiz de Direito, dono de cangaço, homem temido em tôda a região, que começou a visitar Bom Conselho regularmente e a ouvir queixas dos proprietários e fazendeiros. 

Planejou logo de tomar a chefia do velho coronel para entregá-la ao seu cunhado José Ferraz, que era um dos maiores negociantes de Bom Conselho.

O Cel. Augusto, vendo-se em perigo tratou de fazer modificações. O partido contrário crescia, pois todo o município estava desgostoso com aquela oligarquia, mas o coronel ainda conseguiu nomear delegado, seu parente Camilo Peixoto Soares para substituir Bernardo Figueiredo. 

A situação piorou quando o pai do nôvo delegado passou para o lado de José Ferraz. Para a família Villela não ficar completamente por fora da situação política pois era certa a eleição do adversário, o Cel. Augusto adotou uma tática: pai Pinto e seu primo João Peixoto passariam para o lado contrário. Enquanto os dois partidos se preparavam para as eleições, o delegado Camilo fazia um policiamento de intrigas, a ponto de se darem crimes de morte.

Por fim deram-se as eleições e José Ferraz tomou o poder, e como é natural houve demissões e nomeações do nôvo governo. O delegado Camilo, foi então processado e teve de fugir e fazer-se no cangaço triste destino para um homem bem apresentado e caprichoso no vestir e que morava com sua família numa casa muito bem preparada e que em tão pouco tempo foi levado pela política a um grupo de cangaceiros a ponto de ser contratado para matar um inocente. 

MORTE EM CALDEIRÃO DO GUEDES

Pequeno distrito de Bom Conselho, onde morava uma parte da família Tenório — os Guedes, para o qual foi nomeado nessa época da eleição de José Ferraz, como sub-delegado, um tal Joaquim Inácio,

homem prepotente que começou a fazer e a desfazer no pequeno povoado — conhecido por Caldeirão do Guedes — para maltratar a família Guedes que em pouco tempo conseguiu a sua demissã,o o não satisfeitos levaram sua vingança ao máximo, planejando eliminar o ex-sub-delegado.

Camilo Soares, então foragido e aliado ao grupo de cangaceiros de Antônio Caboclo, foi chamado por José Guedes para matar Joaquim Inácio; Como indicação deram a descrição do tipo da vítima —■ alto, magro, bem claro, usava chapéu de couro e dólman e calça azul marinho, e costumava ir à feira de Bom Conselho, aos sábados, passando pela mata de Mãe Luzia. 

Na ânsia de executar a vingança, esqueceram os mandantes que José Guedes, o chefe da família, tinha um genro chamado Leodegário que possuia o mesmo tipo da vítima e vestia-se da mesma maneira, costumando também ir à feira, aos sábados, passando pelo mesmo caminho.

No primeiro sábado, depois do trato com o cangaceiro, José Guedes e seu genro, que tudo ignorava, prepararam seus cavalos e foram para a cidade. Antes de entrarem na mata de Mãe Luzia, o velho encostou o cavalo à porta de um conhecido e ficou conversando um pouco, enquanto o genro foi seguindo, subindo a ladeira que dava acesso à mata; mal havia desaparecido quando ouviram-se tiros. José Guedes, compreendendo de súbito a tragédia gritou — Mataram meu genro!. Partiu a todo o galope indo encontrar o genro morto. O mal havia se voltado contra o seu próprio criador e no local do crime foi erguida uma capelinha, cuja cruz foi propalada pela crendice popular como milagrosa, pois ali morrera um inocente.

Camilo Soares deixou o grupo de cangaceiros e conseguindo algum dinheiro com seu pai João Peixoto, foi para o Amazonas. Lá trabalhou muito e conseguiu erguer-se mandando por intermédio do pai, buscar a familia, estabelecendo-se como fazendeiro no Alto Juruá.

Por volta de 1922, o velho João Peixoto, me contava que sempre recebia cartas do filho, chamando-o para ir morar com êle, mas, concluia com os olhos marejados, não seria possível na sua idade avançada fazer tão longa viagem.


Trecho do livro RAÍZES de Carlos Artur Vilela

Álcool provocou mais de 30 mortes por 100 mil habitantes

 


O consumo de álcool afeta muitas famílias e o dia a dia das pessoas, seja em casa, no trabalho ou na sociedade. O número de mortes ocasionadas diretamente por esse problema foi o equivalente a 33,6 óbitos para cada 100 mil habitantes em Alagoas, no ano de 2021. Os dados são do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa).

O estudo, que faz análises comparativas entre 2010 e 2021, mostrou que o número de mortes em Alagoas é superior à média nacional, que é de 32,4 mortes. Apesar disso, o Estado está dentre as federações que apresentam estabilidade no quantitativo de mortes por consumo de álcool em mulheres.

Na região Nordeste, Alagoas fica à frente apenas do Ceará (33,3) e Maranhão (28,3). Já a Bahia (35,3), Paraíba (35,5), Pernambuco (35,6), Sergipe (36,2) e Piauí (36,6) apresentam as maiores médias da região. O estado do Espírito Santo apresentou a maior média do país, superando, e muito, a média nacional, com 42,9 mortes por 100 mil habitantes. Com relação ao número de internações ocasionadas pelo excesso de álcool, Alagoas registrou 136,4 por 100 mil habitantes, apresentando, inclusive, tendência de aumento.

“O detalhamento por região mostra aumento do número de internações nas regiões Norte e Nordeste e redução nas regiões Centro-Oeste e Sul no período de 2010 a 2021. Os Estados que apresentaram internações atribuíveis ao álcool por 100 mil habitantes em 2021 menos estatisticamente significativos foram Tocantins, Pará, Alagoas, Bahia, Pernambuco, Piauí e Minas Gerais”, relata o estudo.

O estado do Piauí teve média de 233,8 internações, sendo o maior registrado no Nordeste. Na outra ponta, com menos internações, está Sergipe, com 77,5 por 100 mil habitantes.

RANKING NACIONAL

De acordo com o levantamento do Cisa, os números nacionais apontam para uma queda das mortes (- 4,8%) e das internações (- 8,8%) atribuíveis ao álcool, quando comparadas as taxas por 100 mil habitantes entre 2010 e 2021. Quando se fala de mortes atribuíveis ao álcool, atrás do Espírito Santo aparece o Paraná na segunda posição do ranking nacional, com 40,4 óbitos por 100 mil habitantes.

Além de Alagoas (33,6), outros estados também estão acima da média nacional, segundo o levantamento. São eles: Tocantins (39,6), Piauí (36,6), Sergipe (36,2), Mato Grosso (36,2), Pernambuco (36,1), Goiás (35,6), Mato Grosso do Sul (35,5), Paraíba (35,6), Bahia (35,3), Rio Grande do Sul (35,1), Minas Gerais (33,9) e Ceará (33,3). O estado do Rio Grande do Norte está exatamente na mesma média nacional.

Já no número de internações atribuíveis ao álcool, o Paraná está no topo do ranking com uma taxa de 238,8/100 mil habitantes, seguido de Piauí com 233,8/100 mil habitantes. Outros oito estados também estão acima da média nacional, que é de 157,7 internações para cada grupo de 100 mil habitantes. São eles: Rio Grande do Sul (186,9), Santa Catarina (186,4), Tocantins (186), Mato Grosso do Sul (184,3), Rondônia (179,7), Distrito Federal (178,4), Minas Gerais (173,4), São Paulo (160,1), Goiás (158).