A saga de Carlos Vilela era encontrar ouro na caverna dos Holandeses há 113 anos

Documentarista Cláudio André O Poeta, na caverna dos Holandeses

Carlos Correia da Costa Villela era dotado de uma grande inteligência.

Se tivesse deixado o sertão como fizeram seus irmãos Luís Carlos, Sérgio e Marcos, certamente, como eles teria tido um papel de destaque na sociedade. 

Filho mais velho de Pai Matu e Mãe Mariquinha, casou-se muito jovem, com sua prima Maria José, filha de Pai Pinto e Mãe Chiquinha. 

Morando na Baixa Grande, a única atividade rendosa era a lavoura, a qual se dedicou, nunca abandonando porém a boa leitura. Tinha gênio inventivo e chegou a executar várias das suas invenções. Estudando em livros de medicina, percorria o sertão com sua bolsa de couro cheio de remédios, que aliviavam os sofrimentos dos caboclos

Depois de quatorze anos de feliz matrimônio, perdeu a esposa que lhe dera quatorze filhos, dos quais somente sete sobreviveram: Eugélio, Arthur, Carlos, Galeana, Aurélia, Luíza e Adauto.

Casou-se a seguir com sua cunhada Francisquinha, nascendo, desse matrimônio: Leoniça, Otávia, Mirza e Tercia, a primeira já falecida.

Foi durante o segundo casamento que se dedicou de corpo e alma à tarefa de descobrir um tesouro que teria sido enterrado pelos holandeses na Serra do Bulandim

Essa busca tornou-se para ele verdadeira obsessão, ocasionada talvez pelo desiquilíbrio entre sua enorme inteligência e sua cultura, adquirida aqui e ali em obras esparsas, sem nenhuma orientação.

Na breve história que escreveu quando já muito doente aguardava a hora final, deixou transparecer o seu desejo de ser herói, de fazer alguma coisa que o tornasse conhecido aos olhos do mundo.

Podemos avaliar o sofrimento de tal criatura, dotada de larga visão que apenas vislumbrava desorientada quanta coisa poderia aprender e realizar, mas que tinha de permanecer acorrentado a um lugar que nada poderia oferecer à sua mente insaciável de saber, a lutar com o solo para dele tirar o sustento.

A vida rural perdera o prestígio, enquanto cresciam as cidades. Seus irmãos ingressaram no exército e já principiavam a fazer carreira. Sentia-se como um pária, perdido naquelas lonjuras, quando surgiu a ideia de executar a tarefa, que, se levada a termo o tornaria famoso.

Encontrou porém, ao fim de quatro anos de busca incessante, que lhe consumiu todos os recursos, o sofrimento, a doença e a morte. Mas, deixemos que o protagonista dessa triste história, através de alguns trechos de suas memórias, conte-nos o seu sonho e a sua desdita.


Prossegue no próximo post...

De onde vem o nepotismo no poder público de Bom Conselho

 Lendo o livro Raízes de Artur Carlos Vilela...

Leia esse livro publicado em 1967 por Carlos Artur Vilela, desbravador da caverna dos Holandeses e compreenderá de onde vem os vícios políticos de Bom Conselho.

LUTAS POLÍTICAS

Como já vimos, o longo domínio do Cel. Augusto foi interrompido com a queda do ministério conservador do ministro João Alfredo. 

Proclamada a República, o governador de Pernambuco, Barbosa Lima mandou chamar Augusto Villela fazendo-o novamente.

O chefe político com amplos poderes. Era Barbosa Lima homem autoritário que não admitia críticas ao seu governo. A prova disso é que havendo certo jornalista escrito um artigo contra o governador, este, mandou prendê-lo por quatro soldados, no Diário de Pernambuco, e obrigou-o a engolir todo o artigo do jornal, — o pobre fazia bolinhas e engolia com água.

Depois de Barbosa Lima assumiu o governo do Estado Francisco Assiz Rosa e Silva, que vivia a maior parte do tempo na França, jogando nos cassinos, enquanto sua família dominava o governo.

O coronel Augusto continuava chefe em Bom Conselho, mas o Dr. Jardim, de Garanhuns, foi bafejado por Rosa e Silva, dando-se como já vimos a eleição de José Ferraz que foi por motivo de doença e da morte do Dr. Jardim, abandonando a política, mas fazendo ainda um prefeito que foi o Cel. Pedro Urquiza, da família Tenório. 

O governo do Cel. Urquiza foi um verdadeiro descalabro, havendo crimes e roubos pelo município, ocasionados principalmente pelo filho do prefeito, moço de mau caráter.

Os Tenórios Apolinários, que prestigiavam Pedro Urquiza, vendo a situação em perigo, apresentaram como candidato, Lívio Machado Wanderley, que era sogro de José Cupertino Tenório. Subiu Lívio ao poder apoiado pelos Tenórios. Tratou em primeiro lugar de chamar seus parentes do alto sertão e colocá-los nos principais lugares. Um dos seus sobrinhos, chegou praticando valentias na cidade e foi logo nomeado delegado. Foi realmente um delegado valente e respeitado em todo o município.

A família Villela, derrotada na política, sempre foi respeitada pelos vencedores e tratada com tôda a consideração. Era nesta época que Luís Carlos Villela estava como chefe do partido vencido, esperando uma oportunidade, que surgiu com a subida de Dantas Barreto ao governo pernambucano: 

Todo o povo pernambucano reclamava contra a oligarquia de Rosa e Silva, que era chamado “Marreta”. Epitácio Pessoa enviou então seu Ministro da Guerra para assumir o poder, Emílio Dantas Barreto. Foi uma grande revolução.

As mulheres saiam à rua enfrentando a polícia, jogando garrafas dos sobrados e o povo aderia em massa a Dantas Barreto.

Luís Carlos aderiu a Dantas, e assim a família foi elevada ao poder, mais uma vez em Bom Conselho, graças também ao então tenente Costa Neto, que acompanhou o novo governador para Recife e foi deputado estadual do seu governo (1911-1912).

Durante a queda de Rosa e Silva, surgiram vários versos sôbre a situação, alguns dos quais ainda me lembro e citarei a título de ilustração e que são de autoria de Leandro Gomes de Barros, do Recife:

Essa mãe de Marreta 

É velha muito falada

— Como se chamava ela?

Perguntou-me um camarada 

Eu lhe disse — oligarquia da Silva, história furada

Até de mais um inglês criou um pano na vista 

E disse a um escriturário:

— Não sabes? Mim é Rosista!

Mim tem que meter os pés

Em qualquer um que for Dantista

Os empregados pegaram 

Atacaram-lhe tinteiros 

Com pouco o inglês gritava:

— Mim quer bem a brasileiro!

Gritava a rapaziada:

— Tome cacete primeiro!

Nota do Blog

A leitura nos trás conhecimento e nos deixa mais livre para poder opinar com sabedoria. Quem não ler, desinformado fica. Os preguiçosos da leitura nunca evolui.

Pense Nisto!


OBSERVAÇÃO

O nepotismo se caracteriza como a prática na qual um agente público usa de sua posição de poder para nomear, contratar ou favorecer um ou mais parentes, sejam por vínculo da consanguinidade ou da afinidade, em violação às garantias constitucionais de impessoalidade administrativa.

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