Ao lado do seu Antônio Gavião tive uma grande aula de humildade e amor pela natureza. Juntos subimos a serra da Castanha. Foi mais de uma dezena de quilômetros de aventura no meio da caatinga.
Em mais uma visita a serra Castanha, zona rural do município de Flores, sertão do Pajeú, fizemos uma trilha sem pressa, sem vontade de voltar... Encontrei várias espécies de plantas, por exemplo, o arbusto Guaimbê, popularmente conhecido por "costela-de-adão". A ação do guaimbê no organismo, é mais eficaz contra reumatismo, porém tem outros usos.
No percurso de ida (7km), por dentro de vegetação puramente de caatinga, encontramos plantas nativas de outras regiões do Brasil e de outros continentes. Subimos alguns lajeiros rochosos graníticos que nos proporcionou a visibilidade de linda cordilheira.
No cume da serra da Castanha, marca-se 852 metros de altitude, neste local onde parei para fazer o retrato, a altitude chegou a 720 metros, e dai a vista da cordilheira a oeste do município de Flores, impressiona com tanta beleza natural.
Vejam esse maciço rochoso, logo quando começamos a escalar a parte mais íngreme da serra da Castanha.
Essa camada rochosa granítica, ainda passa por transformação devido a ação do intemperismo. Toda a serra da Castanha é coberta por vegetação que se adapta facilmente a solos rasos e húmidos.
Enquanto subia a serra da Castanha, fui identificando várias espécies de bromélias, cactáceas e plantas nativas oriundas de outros continentes.
Encontrei em dois lajeiros rochosos graníticos no pé da serra da Castanha, uma planta chamada de euphorbia, A maioria das Euphorbias são arbustos, porém também existem variedades de árvores e suculentas que se assemelham a cactos.
Depois de ter percorrido quase a metade do percurso (cerca de 2,5km), resolvi sentar numa rocha granítica com desgaste químico e físico e ler alguns poemas do poeta Álvares de Azevedo. Enquanto lia, ouvia o canto das rolinhas, bentivis e o rugido dos mocós.
Como essas formações rochosas conseguem estar em sintonia com tanta vegetação? Cactáceas e bromélias embelezam o ambiente. Mesmo com um solo raso, estas plantas conseguem se reproduzir, superando altas e baixas temperaturas.
O que será que esse mandacaru quis dizer?
Na serra da Castanha tem plantas tipicamente da caatinga, como por exemplo, umbuzeiros, catingueiras, barrigudas, juazeiros, umburanas e outras gramíneas que ficam em solo rochoso.
No horizonte está a cordilheira da serra Vermelha, lado oeste do povoado de Tenório, localizado ás margens da rodovia federal, BR232, que corta o estado de Pernambuco, da capitão ao sertão. A temperatura logo quando estávamos subindo a serra da Castanha, chegou a 22 graus mesmo com a nebulosidade.
Há duas espécies de umburanas (de cheiro e cambão), mas somente retirando um pouco da casca de seus troncos, você consegue identifica-las.
Esta é a umburana-de-cheiro... Na medicina popular é utilizada como xarope (contra tosses e bronquites), tônico, e cicatrizante, no tratamento de feridas, gastrite e úlceras. O tronco da umburana-de-cheiro é reto e tem altura mediana, enquanto que a umburana-de-cambão é mais grosso e tortuoso.
Amburana, amburana-de-cambão, imburana, imburana-braba, imburana-de-espinho, imburana-femea, imburana-vermelha, jamburana e emburana. Essa imburana é lenhosa e serve para fazer portas, janelas, caibros...
Veja a cor da casca interna da umburana-de-cambão. Árvore com 6-9m de altura, copa irregular e ramos tortuosos, contendo espinhos. Caule com até 60cm de diâmetro, casca lisa, fina, laranja-acinzentada e lustrosa, que se desprende em lâminas delgadas, deixando exposto o caule de coloração verde. Conforme a idade da casca a cor varia do verde, quando jovem, a laranja-avermelhada quando idosa e plúmbea nos momentos de maior rigor das secas ou em árvores tendentes a morrer.
Interessante, que quando mergulhamos na caatinga, vamos sentindo várias fragrâncias. Da mais doce a mais amarga. O cheiro de mato verde é cativante.
Vivi uma nova experiência, se alimentar de caroá. O caroá é uma planta nativa da Caatinga que é muito utilizada para ornamentação e para extração de fibras que são usadas para fabricação de artesanato. A floração ocorre principalmente nos meses de fevereiro e abril, em geral após a estação seca, variando assim de acordo com a região de ocorrência da população.
Eu, Rodolfo e seu Antônio Gavião, fizemos uma trilha ecológica sensacional. Aprendi muito com o seu Antônio, que aos 82 anos de idade, tem uma "saúde de ferro", pela coragem de embocar diariamente na caatinga e ser um grande defensor do meio ambiente.
Esta é a igrejinha de Nossa Senhora Aparecida do sítio Feijão, zona rural do município de Flores do Pajeú. No mês de outubro a comunidade vivencia festa de sua padroeira.
Distante da casa de seu Antônio Gavião, do sítio Feijão, visualizamos a serra da Castanha, que tem uma formação rochosa que supera os anos e a beleza permanece inigualável. Na pesquisa realizada, identificamos o tipo de relevo, vegetação e clima, e ao mesmo tempo encontramos uma resposta inicial de sua formação e a explicação de por que encontrarmos por lá tantos matacões rochosos graníticos.
A formação rochosa da serra da Castanha em Flores, sertão do Pajeú, possivelmente ocorreu na Era Paleozóica, entre 250 e 550 milhões de anos, período da formação das rochas sedimentares e metamórficas, até por que no percurso da serra encontramos rochas graníticas com afloramentos de quartzos enrustido no próprio bloco rochoso.