Milionários cegam para o abismo
social no país
No país que é o maior produtor de
proteína animal do mundo e produz alimentos capazes de saciar a fome de cerca
de 1,6 bilhão de pessoas - 7 vezes a nossa população -, é assustador saber que
mais de 100 milhões de pessoas estão em vulnerabilidade alimentar, ou seja, não
fazem três refeições por dia.
Os benefícios sociais pagos
atualmente não são suficientes para suprir o mínimo das necessidades primárias
para uma pessoa, pior ainda quando se pensa numa família.
Essa situação deve
levar o candidato Luís Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores, a
pensar com muito cuidado uma proposta de solução abrangente para os programas
sociais no novo governo, a começar pelo valor do Bolsa Família.
Definir políticas de governo para
combate à pobreza, à fome e à miséria. Priorizar inclusão social, educação e
oportunidades para as pessoas é tarefa do Estado. Deve ser também um
compromisso da sociedade, pois a inação e o fechamento de olhos e ouvidos para
a miséria que vitimiza milhões em todos o país, sem exceção. Até no Sudeste
rico mais de 11 milhões de pessoas não fazem as três refeições por dia.
Pensar nisso é ter em mente que
enquanto metade da população do país passa fome, o 1% dos ricaços, cada vez
mais ricos, e detentores de 50% da riqueza, não se intimida em querer definir
antes mesmo do fim da eleição que tudo continue como antes, sob o argumento de
que é preciso ter “responsabilidade fiscal, garantir teto de gastos” e coisas
do gênero. Juntos, mídia e empresários fazem coro para defender o modelo que
exclui e condena a maioria dos brasileiros à miséria.
A adequação do Bolsa Família
criada nos governos de Lula para um programa de renda mínima para o Brasil,
como o do ex-senador Suplicy, soma valores próximos a R$ 220 bilhões ano.
Esse
montante que pode assustar, mas quando comparado ao PIB do Brasil conclui-se
rápido que estamos falando de pouco mais de 2% do PIB, ou seja, a discussão é,
portanto, como adequar o Orçamento da União e destinar 4% para mais de 70
milhões de Brasileiros.
A adequação do Bolsa Família
criada nos governos de Lula para um programa de renda mínima para o Brasil,
como o do ex-senador Suplicy, soma valores próximos a R$ 220 bilhões ao ano.
Esse montante pode assustar, mas quando comparado ao Produto Interno Bruto do
Brasil conclui-se rápido que estamos falando de pouco mais de 2% do PIB. Ou
seja, a discussão é, portanto, como adequar o orçamento da união e destinar 4%
para mais de 70 milhões de brasileiros.
A discussão é, portanto, de
prioridades, de que modelo de país queremos e desejamos. Se vamos encarar a
realidade e discutir como reduzir a pobreza ou se o país continuará priorizando
benefícios para empresários de mais de R$ 300 bilhões ao ano, via renúncias
fiscais. Se vai continuar sem receber outros R$ 30 bilhões pela não tributação
de dividendos.
Ou ainda, se continuará alimentando o sistema financeiro com
outros R$ 400 bilhões de juros. Ou seja, se os mais de 90% da população
continuarão pagando a conta para a manutenção dos privilégios do 1% que mais
tem.
O debate em curso na disputa
eleitoral não pode, portanto, ser feito sem levar em consideração o modelo de
país, o que se deseja para o futuro e o que será feito para que todos os
brasileiros possam ter cidadania plena, situação que os detentores de riqueza
se recusam a reconhecer e não medem esforços para manter o status quo do
desequilíbrio reinante.
É irreal que detentores de
riqueza não pensem e se recusem a aceitar políticas para os milhões de pessoas
que vivem nas periferias das cidades em condições não humanas, morando em
barracos em áreas de risco, dividindo o espaço onde vivem com esgotos e
cloacas, passando fome e necessidades. É sobre isso que se fala quando se
defende políticas sociais de governo. É sobre isso que a sociedade de um país
com as desigualdades que temos tem a obrigação de pensar.
Francisco Alexandre - Ex-diretor
eleito de Administração da Previ e ex-presidente da BRF Previdência