"Você aceita um livro?" - Foi com essa frase que o professor universitário Welton Roberto surpreendeu transeuntes pelas ruas de Maceió, na última sexta-feira (4), ao apresentar o projeto "Livro na Rua", iniciativa que distribuiu gratuitamente cerca de 400 livros e que tem como meta distribuir 10 mil títulos até o final de 2021.
No começo de novembro, o portal Gazetaweb noticiou que Maceió é a capital do Nordeste que menos lê e tem o segundo pior desempenho no Brasil quando se trata do consumo de livros. Os resultados preocupantes da 5ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-livro, chamou a atenção do advogado e professor universitário, que resolveu arregaçar as mangas para mudar a situação.
"Quando eu li a notícia eu fiquei muito incomodado. Como é que somos uma das capitais brasileiras que menos lê? É preciso fazer alguma coisa, eu pensei. E eu acredito que fazer alguma coisa passa por levar os livros pra onde as pessoas estão. As escolas estão fechadas, as pessoas estão nas ruas", diz o professor.
O que Welton Roberto não esperava, era que o projeto conquistasse um expressivo número de apoiadores. De acordo com ele, a ideia inicial era comprar os livros, embalar e distribuir pelas ruas da capital. Ao compartilhar nas redes sociais, outras pessoas quiseram participar.
"Eu postei a matéria e a ideia nas redes sociais e as pessoas foram colaborando, doando livros, perguntando. Aí chegamos a 30, 40, 100, até chegarmos aos 400 títulos que conseguimos. Eu estou muito feliz", conta.
Quem quiser colaborar com o projeto, que irá para as ruas na primeira sexta-feira de cada mês, pode entrar em contato por meio do Instagram (@livronarua). A ajuda pode ser por meio da doação de livros ou no processo de higienização, embalagem e distribuição dos títulos. Quem recebe um livro do projeto, no entanto, também recebe uma missão.
"Funciona assim, a gente vai abordar a pessoa na rua, porque também é um projeto de conscientização, vamos perguntar: você sabia que Maceió é a penúltima capital no Brasil no número de leitores? Depois, vamos oferecer o livro para a pessoa e pedir que, após ler, ela passe o livro para alguém. A ideia é que até o final do próximo ano, cerca de 10 mil livros com o carimbo do projeto estejam circulando em Maceió", informa o professor.
DADOS DA PESQUISA
De acordo com a pesquisa do Instituto Pró-livro, com apenas 37% de leitores, a capital alagoana só ganha de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, que aparece em último lugar no país, com somente 26% da população considerada leitora. João Pessoa, capital da Paraíba, está no topo do ranking, com 64%; seguida de perto por Curitiba, com 63%; e por Manaus, com 62%. Completam o top 10: Belém (61%), São Paulo (60%), Teresina (59%), São Luís (59%), Aracaju (58%), Salvador (57%), e Florianópolis (56%). O Nordeste possui cinco capitais entre as dez com maior percentual de leitores