Vidas negras importam (por Francisco Alexandre)

Blog do Tiago Padilha: Diálogo, com Alexandre Piúta.
Na segunda-feira, 25, o mundo tomou conhecimento do assassinato à sangue frio de George Floyd, um negro, na cidade americana de Minneapolis, por um policial branco. As câmeras de celulares denunciaram ao mundo o assassinato que durou nove minutos, por asfixia, depois de ter sido imobilizado.
Até ontem, sete depois, o protesto da comunidade negra americana acontecia em mais várias cidades incluindo Nova York, Washington, Boston e Minneapolis, cobrando punição dos culpados, na maior mobilização desde a morte de Marte Luther King em 1968.
O levante nos Estados Unidos tem como slogan “Black lives matter – Vidas negras importam”, movimento pelo fim da discriminação de mais de 400 anos naquele país, que tem 13% da população de negros, mas na estatística de mortos pela polícia representam 50%.
É possível pensar que não há comparação com a situação da comunidade negra do Brasil. No entanto, é esse o ponto. No Brasil, 55% da população é composta por negros que sofreram mais de 300 anos de escravização. Foram libertados e pouco foi feito 130 anos depois para inclusão e diminuição da desigualdade entre negros e brancos. 
A população negra continua trabalhando em empregos degradados, morando em favelas em condições desumanas. No ano passado morreram mais de 42 mil pessoas por assassinato, sendo que 75% dos mortos eram negros, estatística que se repete a cada ano. Esse tema, infelizmente, funciona como uma verdade inconveniente para nós, que costumamos declarar que não existe discriminação no Brasil. 
Para saber que temos discriminação, além das evidenciada no dia a dia na rua, na loja, no shopping e na padaria da esquina, observemos as principais instituições do país. No Congresso, Nacional são apenas 17%, sendo que apenas 3% se elegeu assumindo serem negros.

Nas Assembleias Legislativas o cenário é pior ainda a exemplo de estados como São Paulo tem 30% de negros e pardos no Estado e apenas 5 parlamentares ou 5%, em Pernambuco 57% da população é negra, mas nenhum parlamentar da Assembleia é negro. O mesmo acontece em Alagoas, terra de Zumbi, com 30% da população negra e nenhum representante na Assembleia Legislativa.

Podemos ir mais adiante e observar que os 55% da população do país, composto por negros, não têm assento em cargos importantes nos poderes judiciário, executivo e legislativo ou no mundo empresarial, enfim, falta muito. 
Para quem acha que isso é radicalismo, seria interessante o exercício em uma das idas a um dos órgãos públicos, numa empresa pública, no fórum da cidade, ou ainda tentar lembrar quantos negros são presidentes m grandes empresas privadas no país. Será fácil você concluir que é raro ou que não há em muitos casos. 
Pensar que dormimos tranquilos porque aqui não há racismo, que casos como o de George Floyd é coisa de outros países é esconder a realidade vivida por milhões de brasileiros, que sofrem do mesmo modo que muitos em outros países a discriminação em razão da cor, ou seja, ser negro.
por Francisco Alexandre 

PARA FILÓSOFO, NO BRASIL VENDEM UMA REALIDADE QUANDO NAS CIDADES É BEM DIFERENTE

 (Foto: TV Brasil/Divulgação)
O Brasil alcançou a segunda posição no ranking de casos de covid-19. Com esse resultado fatídico, o programa Impressões, da TV Brasil, que foi ao ar neste domingo (31), às 22h30, onde o convidado foi o filósofo Luiz Felipe Pondé. 

Ele falou sobre os impactos sociais da doença. Para Pondé, o número de mortes pela covid-19, gerou um sentimento de insegurança e desespero. Para o filósofo, o lockdown também tem que ser analisado do ponto de vista social. 

"O Brasil não pode fazer lockdown completo. É uma ilusão. Muita gente anda na rua porque senão passa fome", pondera. "Então eu acho que às vezes a discussão fica meio de grife. 

A classe média alta discutindo um país que não existe. O Brasil é uma Bélgica cercada por uma Índia", reflete Pondé se referindo às diferentes realidades sociais do país.

Na conversa com a jornalista Katiuscia Neri, o filósofo arriscou: “uma cultura como a nossa, em geral, viciada em sucesso, em controle, em bons resultados e eficácia, não saber exatamente o que vai acontecer é motivo de enorme estresse”.

Pondé alertou que o mundo sempre passou por epidemias e cita, na conversa, a peste negra e a gripe espanhola, mas, segundo ele, a atual geração sofre com o limite de tolerância e com a falta de controle. 

“É uma geração mal acostumada, que só acumulou sucessos. Isto não é ruim, mas criou em nós um hábito”, disse. “Filosoficamente eu diria que a gente está tendo uma experiência de algo incontrolável".

Para o filósofo, tudo ficou previsível para a atual geração, como o avanço da medicina, a longevidade e a evolução de questões relacionadas aos direitos humanos. 

“A epidemia é um exemplo do que os gregos chamavam de ‘Fortuna Cega’, alguma coisa que nos acomete e a gente fica sempre parecendo que está um passo atrás. 

No caso do Brasil, acho que é um cruzamento entre essa crise sanitária, essa crise econômica e um desgoverno político que a gente está vivendo”.

Em tom realista, Pondé afirmou que não há sinais de que a pandemia gere maior solidariedade e compaixão. 

Para o filósofo, as manifestações humanísticas refletem, na maior parte dos casos, interesses empresariais. 

“A solidariedade que tem ocorrido, em alguns casos, ela vai de braços dados com marketing, que a priori, não significa que é ruim. É até uma sorte para quem recebe ajuda. 

O fato de que ajudar agrega valor á marca, seja empresa, seja pessoa. É claro que você tem, no começo, o caso de jovens que se dispuseram a ajudar idosos no prédio e coisa e tal”, disse.

Para Pondé, historicamente, as epidemias não aumentam a solidariedade em nível significativo. “Elas causam transtornos nas relações de oferta e demanda, elas causam pressão, no sentido de avanço técnico, elas forçam os gestores a serem criativos – isso é bom -, mas, do ponto de vista do comportamento humano, as epidemias e grandes tragédias, reforçam vícios, reforçam o oportunismo, a exploração”, afirmou.

Quando se trata das previsões para o pós-pandemia, Pondé rebate o otimismo desmesurado dos que acreditam que o mundo a partir de agora será um mundo sem consumo.

 “Ele vai ter menos consumo porque as pessoas vão estar mais pobres, por isso que vai ter menos consumo. As pessoas não vão se tornar ‘não consumistas’ de uma hora para a outra, porque inclusive o consumo é uma prática que sustenta a economia”, justifica.

Para o filósofo, o pessimismo absoluto é achar que "a pandemia é o apocalipse, que é a peste negra, que vai todo mundo morrer, que o mundo vai acabar". 

"A gente vai passar uma época difícil, com mais estresse, mais custo, o próprio custo da biossegurança vai aumentar". 

Pondé acredita que a maior parte das pessoas negocia qualquer liberdade em troca de segurança e saúde. "E é isto que está acontecendo".

por Agência Brasil

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