15 de maio de 2020

AS INFORMAÇÕES QUE VOCÊ PRECISA SABER AGORA

SEGUNDA PARCELA
A Caixa Econômica Federal começará a creditar a segunda parcela do auxílio emergencial de R$ 600 a partir da próxima segunda-feira (18), informou hoje (14) o presidente do banco estatal, Pedro Guimarães, durante a live semanal do presidente Jair Bolsonaro. O calendário de pagamento será detalhado em coletiva de imprensa amanhã (15), às 15 horas, no Palácio do Planalto.

SEM JUÍZO
Ao criticar a cobertura feita pela imprensa da pandemia de coronavírus, o ex-senador Roberto Cavalcanti (Republicanos-PB) propôs o apedrejamento de jornalistas. Durante o programa Correio Debate, desta quinta-feira (14), ele disse que a atualização diária feita por veículos jornalísticos do número de pessoas que morreram de covid-19 é noticiada como se fosse um placar de "gols da seleção do Brasil".

INCERTEZA
O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender a retomada da atividade econômica no país e disse a empresários que, se dependesse da vontade dele, nunca teria implementado medidas de isolamento social por conta da pandemia da Covid-19, como têm feito governadores e prefeitos.

INQUILINOS

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quinta-feira (14), o texto-base do projeto de lei que cria um regime jurídico especial durante o período de calamidade pública (PL 1179/2020). A proposta muda temporariamente regras sobre contratos, direito de família e relações de consumo. Os deputados avaliam agora as propostas de mudança do texto principal.

SEM DESPEJO
O texto impede, até 30 de outubro de 2020, a concessão de liminares para despejo de inquilinos por atraso no pagamento de aluguel. A suspensão abrange tanto imóveis comerciais quanto os residenciais e atinge todas as ações ajuizadas a partir de 20 de março, data em que foi publicado o decreto que reconheceu o estado de calamidade pública no país. A matéria foi aprovada pelo Senado no início de abril.

14 de maio de 2020

A empatia de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, pelos modos de pensar do Sinhô Pereira

Quando estive na casa onde nasceu e se criou Virgulino Ferreira, estive entrevistando o guia de turismo, Ítalo, que deu uma aula sobre histórias do Cangaço.


Por Verluce Ferraz

Não se sabe exatamente o que o próprio delírio promove. Essa teia mental que não se desfaz nem pela constatação de que os motivos que levaram o cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, a inexistência de indicar um motivo de entrar para o mundo do crime; que seria a vingança pela perda dos pais; não passava de uma fantasia. 

Lampião ingressou para o cangaço incorporando ao grupo do Sinhô Pereira, um dos mais temidos cangaceiros do Sertão de Pernambuco. 

Devemos lembrar também que tal crença em Lampião ao afirmar seu desejo de matar aquele que ceifou a vida de seu pai, tenha surgido de relatos em que o Sinhô Pereira, juntamente com seu primo Luiz Padre, juraram de morte um político (ano 1907), após o assassinato de um dos patriarcas da família; famoso político local, em virtude de partilha de terras. 

Esse foi o exato local onde Virgulino e o irmão Antônio sofreram uma emboscada.

Sinhô Pereira mais Luiz Pedro já comandavam bandos com gente de alta periculosidade, sendo Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, um de seus seguidores. Mais tarde Sinhô Pereira, abandonou o cangaço indo com Luiz Padre para o Estado de Minas Gerais. 

Lampião assumiu o comando de um dos grupos comandado pelo Sinhô Pereira, e expandiu sua súcia; afinal já havia adquirido experiência com o professor para seguir seus costumes. 

O que escutara do Sinhô Pereira ficou hospedado na mente e bem acordada: repetiria sempre que entrara para o cangaço para vingar a morte de seus genitores. A fórmula assumida por Lampião veio da empatia que o ligava ao mestre do cangaço; suficiente para repetir a construção do mesmo pensamento: vingarei a morte de meus genitores. 

Prestou atenção nas justificativas do Sinhô Pereira para construir seu idealizado sonho. Talvez lhe vieram daí a coragem e valentia; para somar às causas psicopatológicas.

Única parede que sobrou do casarão onde morava o primeiro inimigo de Virgulino Ferreira, o provocador José Saturnino.

Em Lampião havia a probabilidade de consumar seu desejo; sabia exatamente onde poderia encontrar o 2° Tenente José Lucena; aquele que tirou a vida de José Ferreira dos Santos, pai de Virgulino

Já a mãe de Virgulino teve morte natural; sabendo-se que o mal súbito adveio do desassossego causado pelos distúrbios causados pelos filhos, ninguém aceitava a família Ferreira como vizinhos

Matar era algo peculiar à personalidade de Virgulino; nunca dedicou o desejo de arrependimento pelas almas que encaminhou ao céu. Juntando vingança, brabeza e coragem, muita munição, nunca enfrentou o tenente Lucena. A improbabilidade de não o encontrar nunca existiu; bastava querer.
A parede de tijolo cru foi o que sobrou da casa de Zé Saturnino, que era vizinho de Virgulino Ferreira, no sítio Passagem das Pedras.

O desassossego de Lampião não adveio da morte dos pais; já estava dentro do mundo do crime bem antes e as causas eram distúrbios mentais mesmo. Tinha compulsão por sangrar, era piromaníaco. 

Virgulino manejava com as armas há muito. Levou perturbação aos vizinhos e caminhou por sete Estados da Federação, dentro das caatingas, sempre causando problemas.

Comenta-se que o José Ferreira dos Santos, patriarca dos Ferreiras, era pessoa pacata, calado, e que viveu momentos de injustiças por conta da vida desregrada dos filhos. 

Outros apontam a briga de vizinhos por posse de terra. José Ferreira dos Santos, foi albergado em terras denominadas Sítio Passagem, no Riacho de São Domingos, como doação para que ele casasse com Maria Sulena da Purificação, filha da parteira Maria Jacosa. 

A casa de dona Jacosa fica há menos de 500 metros do riacho Passagem das Pedras. Ai é a cozinha da casa onde a vó materna de Virgulino fazia as refeições.

José Ferreira dos Santos assumiria a paternidade do filho de Maria Sulena que já; estava grávida do jovem Venancinho Nogueira; filho de João Barbosa Nogueira, patrões de Maria Jacosa (Nasceu a criança que foi levado à pia batismal com o nome de Antônio Ferreira da Silva, em 15 de julho de 1895).

Portanto Antônio só é irmão de Virgulino e dos demais irmãos, por parte de mãe. Para assumir o papel de esposo José Ferreira dos Santos recebeu uma parte de terras e criações, como pagamento do acordo.

Após essa fuga de amor de Maria Lopes (Maria Sulema da Purificação), tem uma conflitante vantagem; casa-se e adquire um marido compreensivo, ganha bens para sobreviver, mas intervém na formação educacional dos filhos. 

Por outro lado, o marido se curvou às leis da necessidade e troca o insucesso em patrimônio material. Casando com Maria Lopes, terá feito um bom empreendimento. 

Não recuou na iminência do catastrofismo que estava por vir. Assim entendemos que os interesses iram colidir entre vizinhos. 

José aceitou o papel de fantasma na vida de Maria; ela motivava os filhos não aceitarem contingenciamento dos direitos adquiridos como reconhecimento de seu primogênito. 
Pedra da Emboscada onde Zé Saturnino e irmão fizeram uma emboscada contra Virgulino e Antônio quando voltavam da cidade de Vila Bela, antiga Serra Talhada.

Devemos lembrar que a crença em uma disputa por terras entre os Ferreiras e vizinhos não é a mesma que proprietários de grandes glebas. 

José Ferreira dos Santos não era herdeiro de terras; Ao adquirir uma faixa de terras, descobriu que se organizaria financeiramente, tal qual os donos de glebas. 

Com a chegada de uma família numerosa, pode ter manifestado desejo que imitir-se de mais terras, isso que não havia sido acordado no pacto ante matrimônio. 

Contaria com a ajuda dos filhos; antes os mesmos vieram a desconstruir seus projetos, adentrando em terras que não lhes pertenciam por direito. 

Em 2019 produzimos um vídeo sobre tudo da história de Virgulino, onde nasceu, onde se criou e como revoltou-se antes de pegar em arma de fogo. Já ultrapassamos mais de 320 mil visualizações.

E os filhos de José Ferreira dos Santos, com Maria Jacosa recusaram-se a aceitar a verdade; tomando como válido o acordo como elementos do direito adquirido pelo acordo de seus pais e concorreram para a sentença de morte de toda uma família.

Virgulino até os 18 anos não tinha pego em arma. Virgulino foi o grande herói dos sertões, mesmo sendo atribuído a ele crimes que não cometeu.