Filas, desrespeito e desumanidade
Mais de 20 milhões de pessoas ainda não receberam o benefício de R$ 600 aprovados pelo Congresso Nacional. Já são mais de trinta dias de uma corrida de pessoas em desespero, sem salário, sem emprego, sem perspectiva e uma luta para vencer a burocracia e barreiras definidas pelo governo que dificultam o acesso ao benefício. O governo não tem nenhuma preocupação com o que acontece e, dizer isso, não é nenhuma má vontade. É apenas a constatação dos fatos.
As pessoas precisam ficar em casa. Para isso precisam de condições mínimas para sobrevivência. Infelizmente acompanhamos todos os dias imagens que chocam de pessoas enfileiradas nas agências da Caixa Econômica na tentativa de sacar o dinheiro vital para cada um deles. As filas decorrem de mais de uma motivação. Uma delas é a burocracia para regularizar as pessoas, informando aos que sofrem com a falta do básico para comer, que o cadastro está em análise. O outro problema é a falta braços, pois como são mais de 70 milhões de pessoas a serem pagas por apenas um banco do governo e, operar e resolver a questão não é fácil. O que se tem notícia é que os empregados da Caixa Econômica já dão sinais de fadiga, estresse e de esgotamento físico.
Estranho até agora é o governo não acionar os demais bancos estatais para cumprirem essa missão. São três: o Banco do Brasil, o BNB e o Basa. Somente o Banco do Brasil significaria aumentar em mais de 100% a capacidade de atendimento das pessoas, pois são mais de 4.500 agências com 65 mil pontos de atendimento espalhados país afora.
É um absurdo o que acontece e a maldade com milhões de pessoas que ficam ao sol e a chuva, numa fila por 5, 6 até 8 horas em busca de atendimento. Tudo isso parece ser mais um ato de sadismo de muitos que insistem em não entender a necessidade das pessoas, de que vivemos num país desigual e de que é preciso sair do lugar comum e adotar medidas urgentes para acabar com as filas, respeitar as pessoas e cumprir as medidas que foram aprovadas no Congresso Nacional. O povo não merece tanto desrespeito e descuidado refletidos em situações degradantes de milhares de pessoas amontoadas e expostos à doença.
por Francisco Alexandre