Já diz uma música de J Quest "pra onde tenha sol é pra la que vou". Foi por esse caminho que encontramos um lugar inesquecível, cheio de energia e mistérios, Vale dos Mestres.
O leito do rio Poço Verde é cheio de pedras e pedregulhos. Somente no período de chuvas é que esse rio provoca enchentes que deságuam no rio São Francisco.
Veja que o juazeiro e os pés de catingueiras se entrelaçam e transforma um lindo corredor, como se fosse ornamentação para um casamento.
Mesmo o rio seco não deixa de ter sua beleza. Mesmo sem correnteza o rio deixa o ambiente bucólico. Os paredões rochosos de arenito que ficam nas laterais do rio faz o ambiente ainda mais misterioso.
O leito aquático ou calha é o espaço que pode ser ocupado por um curso d'água, sendo possível distinguir o leito aparente, o leito maior ou leito de inundação, e o leito menor. É responsável pela movimentação da água desde a sua nascente até a foz.
Assoreamento é o processo em que se observa no leito dos rios acúmulo de detritos, lixo, entulho ou outros materiais. No fundo dos rios e lagoas, esse acúmulo interfere na topografia de seus leitos impedindo-os de portar todo o seu volume hídrico, provocando transbordamento em épocas de grande quantidade de chuvas.
A erosão é um processo de deslocamento de terra ou de rochas de uma superfície. No que se refere às ações da natureza, podemos citar as chuvas como principal causadora da erosão. Ao atingir o solo, em grande quantidade, provoca deslizamentos, infiltrações e mudanças na consistência do terreno.
Erosão é o processo de desgaste, transporte e sedimentação do solo, dos subsolos e das rochas como efeito da ação dos agentes erosivos, tais como a água, os ventos e os seres vivos.
A partir que vou fazendo uma trilha, vou ao mesmo tempo tendo aula de geologia, meio ambiente, história e cultura, assim aconteceu durante minha ida ao Vale dos Mestres tempos atrás.
Os geólogos pensam tratar-se de um leito de um antigo fluxo de água devido às dimensões e formas arredondadas do cascalho no interior e no entorno da rocha sedimentar.
Existem também alguns clastos redondos, levando a concluir que houve transporte por um fluxo de água, pois pensam que os grãos são demasiados grandes para terem sido movidos pelo vento. Sendo por isso rochas sedimentares.
Na opinião dos geólogos as rochas formaram-se a partir de rochas cimentadas entre si (glomerado sedimentar) com cerca de 15 centímetros de espessura. Os geólogos levantam a hipóteses de as rochas terem sido partidas anteriormente, devido talvez ao impacto de meteoritos e/ ou meteoros para explicar a sua angulação em comparação com a superfície.
Por esse leito do rio Poço Verde é provável, segundo a história, que Lampião e seus cabras, tenham passado ou pernoitado debaixo das rochas, que em algumas delas tornam-se em pequenas cavernas ou abrigos para até 10 pessoas.
As rochas que estão dentro do leito do rio Poço Verde é resultado de uma acidente geológico há milhões anos. O que chama atenção é não ter rocha granítica em todo o curso do rio.
As rochas sedimentares em todo o leito do rio temporário, Poço Verde, que deságua no Velho Chico, foram provocadas pela erosão. Elas são esculpidas pelo vento e pela rotação da água no tempo de enchentes.
Imagine você andando por um vale rodeado de paredões arenosos entrecortados por vegetação composta por bromélias, cactáceos, samambaias, entre outras espécies, dão um tom esverdeado ao espelho d´água de rara beleza no sertão sergipano.
O Vale dos Mestres é lugar dos nossos antepassados, por isso encontramos um ambiente misterioso e cheio de marcas que deixaram há muito tempo atrás.
A região do sítio arqueológico do Vale dos Mestres, possui trilhas de aproximadamente, 1,5 km de extensão, pinturas rupestres de mais de 03 mil anos, abrigos encravados no sopé dos paredões.
Do lado direito do riacho é excelente para os apaixonados pelo ecoturismo, trekking, rapel, entre outros esportes de aventura. Primeiro tem que gostar, segundo, ter fôlego e determinação para conhecer todo o leito do rio Poço Verde.
O território de Canindé de São Franciso teve sua penetração através do rio Curituba em 1629, para atender ao espírito de cobiça das bandeiras. Debaixo dessa rocha sedimentar, o rei do Cangaço, Virgulino Ferreira, acampou por várias noites com seus cabras sempre quando fugia da Volante (polícia da época).
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Caverna do Poço Verde/Sergipe |
No fim do século passado só havia quatro fazendas no território, quando Francisco Cardoso de Britto Chaves (Coronel Chico Porfírio) comprou ao capitão Luiz da Silva Tavares o referido morgado construindo nele a sede da fazenda e um curtume de couro em sociedade com o Coronel João Bernardes de Britto, chegando o mesmo a ser mecanizado, fato que contribuiu para formação do povoado.