10 de abril de 2018

O PISTOLEIRO por Alexandre Tenório

COLUNA ENSAIO GERAL
O PISTOLEIRO
          O Coronel José Abílio líder político mais famoso de nossa terra, como não poderia deixar de ser, tinha seus capangas, para executar as suas ordens.
          O meu tio Gervásio Pires foi o seu principal adversário, tinha temperamento totalmente diferente do Coronel.
          O Coronel usava a força para alcançar o seu objetivo e meu tio usava as palavras.
          Pois bem, tinha na calçada da Assembleia Legislativa do estado de Pernambuco tinha um grupo de ENGRAXATES, e meu tio como deputado tinha seu engraxate favorito, e fez com ele uma grande amizade.
          Este engraxate vivia pedindo ao meu tio que levasse ele para conhecer nossa cidade - tanto ele pediu - que meu tio trouxe o engraxate para passar uns dias em sua casa, que ficava localizada na Rua 7 de Setembro aonde hoje é o escritório de Dr. Renato Curvelo.
          A casa tinha uma varanda com um pequeno muro vasado, que as pessoas se debruçavam sobre ele para olhar o movimento, este era o lugar que o engraxate ficava quase todo dia. O cidadão era baixinho, cor branca, franzino e usava um chapéu de aba pequena. Logo surgiu a história que meu tio tinha trazido um pistoleiro do sertão, homem brabo com muitas mortes nas costas, se desse um tiro no olho e pegasse na pestana para ele tinha perdido o tiro. Os mais fofoqueiros diziam que só ele, valia por 10 dos homens do Coronel.
          A história chegou aos ouvidos do Coronel, que ficou impaciente.
          A loja do meu avô seu José Correntão (irmão do deputado Gervásio Pires) ficava na calçada da casa do Coronel, que toda vez que tinha de passar por ela entrava e dava um dedo de prosa com meu avô, mesmo eles sendo adversários políticos, mantinha um bom relacionamento, o curioso era que o Coronel chamava meu avô de BRIZOLA. O Coronel como quem não quer nada entrou na loja e iniciou uma conversa, e no final indagou se era verdade que Gervásio tinha trazido um amarelo franzino, pistoleiro fino do sertão – para melhor compreender a questão, devo explicar ao leitor - que uma parte de nossa família os “Pires”, tem origem nas cidades de Tabira e Afogado da Ingazeira, e lá eles sempre foram muito forte politicamente e na valentia.
          Meu avô deu uma bela gargalhada e disse ao Coronel que não era nada disso, pois, meu tio não era homem de andar com pistoleiro, o cidadão que estava na casa dele era o engraxate dele na Assembleia legislativa. Vejam meus leitores, o todo poderoso CORONEL JOSÉ ABÍLIO que sempre tinha por trás de si um monte de capangas, pintando e bordando em nossa cidade, se cagando de medo de um simples ENGRAXATE ah ah ah ah.

9 de abril de 2018

CACIMBA DE JOÃO NECO É UM DOS LUGARES QUE VOCÊ VISITA EM TRIUNFO E NÃO QUER SAIR DE LÁ

Conta-se a história que o senhor João dos Santos Viana, mais conhecido por João Neco, era um agricultor que viveu tempos atrás no sertão do Pajeú e  sofria com a falta de água no seu sítio, na zona rural de Triunfo (PE), no início do século XX. Para amenizar o problema, ele mesmo cavou entre 1932 e 1935, um poço com cerca de 25 metros de profundidade para poder se abastecer.
Passado muito tempo, ele considerou inconveniente a retirada da água pela abertura do poço, especialmente para crianças, idosos e mulheres com os quais tinha o desejo de compartilhar o fruto do seu trabalho. Daí, o senhor João Neco colocou na prática outra ideia, que era fazer um túnel de acesso até a vertente da cacimba.
Desta vez construiu um túnel transversal ao poço, em direção à nascente do mesmo, com o intuito de facilitar a retirada da água. Este túnel, com cerca de 30 metros de comprimento, 2 metros de altura e 1,2 metros de largura, construído apenas com terra batida e pedras da região é, juntamente com o poço propriamente dito, uma atração em si e recebe o nome conjunto de Cacimba de João Neco.










No local onde os carros ficam estacionados fica também a casa onde vivem atualmente Lourival dos Santos - filho de João Neco - e a sua esposa.  Na casa simples onde eles vivem estão ferramentas e outros objetos usados por João Neco para a construção do poço e do túnel.
Essa é visão que você tem de dentro para fora da Cacimba de João Neco, quando você já está próximo onde está a vertente. Barro vermelho e pedra, foi o que se encontrou durante a escavação da cacimba. 

A pergunta que não quer calar é: Como um homem do sertão, que não sabia nem ler, nem escrever conseguiu fazer uma engenharia dessa?
Os visitantes percorrem cerca de 30 metros de túnel à dentro até chegar na poça d'água que nunca seca. Uma corrente enfincada na rocha serve de cabo de sustentação para quem deseja ir até o final do túnel da cacimba.
A Cacimba de João Neco é considerada uma obra arrojada para os padrões da época de 1930, construída por um "autodidata sem leitura" preocupado com o bem-estar da comunidade onde vivia. A Cacimba é hoje, por tudo isso, um destino turístico que vale a pena conhecer, que fica a 5 quilômetros do centro de Triunfo.

Chegar a esse ponto da Cacimba é desafiador, porém, muito valioso o tempo que por ali demora a passar. A ventilação nesse ponto do túnel que da acesso a cacimba não é sufocante. Pingos d'água caem sobre nós enquanto descemos os degraus do túnel. Há trechos que ficam bem mais molhado e escorregadio, mas não tira o encorajamento do aventureiro.
O colorido das rochas é algo fascinante. Entre a construção do poço de 14 metros de profundidade e os 30 metros de comprimento do túnel, o senhor João Neco, sem leitura nenhuma, levou cerca de 03 anos para terminar essa obra que já beira seus 90 anos de existência. Interessante, que tudo está com sua originalidade.

Estive sendo acompanhado pelos meus amigos comunicadores do sertão do Pajeú, Cosmo Queiroz e Carlinhos do Alto. Eles moram há 18 Km de distância, foram conhecer uma obra que atravessa o tempo com uma verdadeira história de um sertanejo desbravador, que não sabia ler, mas, era partidor de terra, rezador, curador, agricultor e idealista. O senhor João Neco morreu aos 89 anos de idade.
Estive juntamente com o amigo radialista, Carlinhos, papeando com o senhor Lourival, que tem o estilo do saudoso cearense, seu Lunga. Pergunta besta, a resposta está na ponta da língua de Lourival, um dos 10 filhos do senhor João Nego. Numa casa simples, num sítio rodeador de árvores frondosas, vive seu Lourival e a esposa que fazem questão de mostrar onde estão ferramentas e outros objetos usados por João Neco para a construção do poço e do túnel.
Para quem deseja conhecer, basta botar o pé na estrada e seguir destino para cidade de Triunfo, sertão do Pajeú do estado de Pernambuco.


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