REFLEXÃO DE BOA VONTADE
Relatório da Unesco sobre a
educação e a pobreza
Paiva Netto
Há décadas, temos defendido que no
ensino reside a grande meta a ser atingida, já! Educação e Cultura com
Espiritualidade Ecumênica para o povo, desde a infância — com a Pedagogia do
Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico —, figuram entre as preocupações
maiores da LBV, ao lado de sua aplaudida Promoção Humana e Social.
Nesses quase
70 anos de atividade solidária, a Instituição tem transformado para melhor
milhões de vidas a partir do intelecto instruído e, sobretudo, da sabedoria do
coração. Como tive o ensejo de destacar ao notável ex-presidente e
ex-primeiro-ministro de Portugal, dr. Mário
Soares (1924-2017), enquanto não prevalecer o ensino eficaz por todos os de
bom senso almejado, qualquer nação padecerá cativa das limitações que a si
mesma se impõe.
Aliás, o fato se deu assim: em visita ao Parlamento Mundial da
Fraternidade Ecumênica, o ParlaMundi da LBV, em Brasília/DF, Brasil, em 1997, o
saudoso estadista, ao ver estampado, numa das paredes do local, esse meu
pensamento — “Enquanto não prevalecer o
ensino eficaz por todos os de bom senso almejado, o Brasil padecerá cativo das limitações que a si mesmo se impõe”
—, de forma entusiástica, que era sua característica, virou-se para mim e
exclamou: — “Mas por que só o Brasil?! Isto é válido para o mundo inteiro!”,
razão por que, aceitando a sugestão dele, estendi esses dizeres para quem deles
quiser valer-se em qualquer país.
Nesse mesmo dia, o dr. Mário Soares foi
homenageado com a Comenda da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica do
ParlaMundi da LBV, na categoria
Hors-Concours, cerimônia que também condecorou, na categoria Esporte, o Atleta do Século 20, Pelé.
A Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) realizou importante pesquisa que
monitorou, durante os anos de 1965 a 2010, a relação entre Educação e
erradicação da pobreza. O recém-lançado estudo “Reduzindo a pobreza global
através das educações primária e secundária” revela, na página 11: “Alcançar a conclusão do ensino primário e
secundário na população adulta ajudaria a tirar mais de 420 milhões de pessoas
da pobreza, assim reduzindo em mais da metade o número de pessoas pobres no
mundo.
Os efeitos seriam particularmente grandes na África Subsaariana e no sul
da Ásia, onde uma redução da pobreza em quase dois terços é esperada”.
Segundo informa a Unesco, “se as
tendências atuais continuarem, dos 61 milhões de crianças em idade escolar
atualmente fora da escola, 17 milhões nunca pisarão numa sala de aula”.
Esses dados são muito alarmantes e
chamam todos à responsabilidade de não apenas combater efeitos, mas atuar nas
causas, o que conduzirá a resultados mais sólidos e sustentáveis na luta contra
a miséria, que vergonhosamente ainda campeia pelo orbe.