O governo já iniciou uma célere estratégia de exclusão de beneficiários do programa Bolsa Família. É, sem dúvida, mais uma contradição ao que foi exaustivamente pregado na campanha eleitoral. Quase oitocentos mil famílias foram excluídas nos quatro últimos meses.
O esquema de exclusão é simples. O beneficiário recebe uma carta com o carimbo do Ministério do Desenvolvimento Social, pedindo que a pessoa se apresente na prefeitura da cidade para agendar a visita de um assistente social à sua casa.
Ao receber a carta, o dinheiro do programa já é automaticamente bloqueado.
Semanas depois, o assistente social efetua a visita. Ele faz perguntas sobre cada morador da casa: quem estuda, quem trabalha, quanto ganha. Caso note a presença de uma moto, de uma TV de LED ou de qualquer elemento que destoe do cenário de pobreza obrigatório, indaga quando a família adquiriu o bem e com que recursos.
Encerrada a entrevista, pede ao beneficiário que assine o formulário preenchido e encaminha o papel à prefeitura. Feito isso, o resultado é quase sempre o mesmo: adeus, Bolsa Família. Poucos dos que recebem a visita do assistente social conseguem manter o benefício.
Sem anúncio nem alarde, o governo federal começou a passar a tesoura nos programas sociais. O Bolsa Família, carro-chefe da administração petista, sofreu neste ano o mais profundo corte desde que foi criado, há onze anos.
Além disso, para diminuir os custos do programa sem admitir sua redução, o governo passou a promover um pente-fino silencioso entre os cadastrados. Desde maio, vem cruzando seus dados com informações do INSS e do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), por exemplo.
O objetivo é identificar quem possui bens incompatíveis com o teto de renda permitido aos participantes do programa (até 154 reais por membro da família, o que torna difícil a compra de um carro, por exemplo) ou está acumulando benefícios indevidamente.
FONTE: Jornal Cidade