JUAREZ
TENÓRIO
(MEU PAI) PARTE II
A SORVETERIA
Como já disse
anteriormente, meu pai comprou a sorveteria de Dr. Padilha, embora fosse uma
novidade picolé e sorvete, a sorveteria nas mãos de Dr. Padilha não decolou.
Nas mãos de papai, ela começou a deslanchar, pois ele passou a usar matéria
prima de primeira qualidade, comprou um motor para que não faltasse energia na
sorveteria, remodelou o prédio e colocou uma porta de ferro de rolo, que foi a
segunda porta do gênero em nosso comércio, a primeira foi do ARMAZEM VITÓRIA de
João Presideus. A porta de rolo dava um ar de modernidade ao estabelecimento,
ela vinha de São Paulo, era feita de ferro maciço, até hoje as duas estão na
ativa.
Papai começou a
vender também bebidas, e em pouco tempo à sorveteria passou a ser o principal
ponto de encontro dos boêmios, pois como a energia era desligada às 22 horas só
a sorveteria ficava funcionando, pois tinha um motor.
O maquinário da
sorveteria era o que havia de mais moderno naquela época, ele era composto de
dois grandes refrigeradores horizontais, o primeiro tinha um espaço para
guardar refrigerante e cerveja e também os compartimentos para guardar os
picolés e tinha uns três metros de comprimento. O segundo refrigerador era
aonde tinha o compartimento para fazer os produtos, pois era lá que estava à
salmoura, que era composta de água, sal e álcool, esta mistura quando resfriada
pelos canos de hidrogênio chegava a -18ºC, neste segundo refrigerador tinha
também os compartimentos de guardar os sorvetes ele era menor que o primeiro e tinha
em torno de 2,50MT.
Uma
particularidade na sorveteria era quanto à cerveja, pois ela dificilmente não saia
gelada, pois bastava colocar 5 minutos na salmoura que ela ficava no ponto.
O que eu vou
relatar aqui parece mentira, porém é verdade, nos 19 anos 6 meses e 18 dias que
funcionou a sorveteria nas mãos de papai, o liquidificador que foi usado foi o
mesmo, ele terminou os seus dias praticamente só o motor e o copo (era de
vidro), porém funcionando, o que de tempo em tempo se fazia era mudar o carvão
do motor, era da marca ARNO.
O ponto fraco
da sorveteria era o banheiro, por ser usado exclusivamente por homens, não era
um primor de limpeza, porém como ficava quase nos fundos da sorveteria bem
distante do salão, não interferia muito no bom funcionamento da sorveteria.
Tempos depois foram
colocadas duas mesas de sinuca pequenas que duraram até quando papai vendeu a
sorveteria. Naquela época a venda de cigarro era muito grande, pois quase todo
mundo fumava, e a sorveteria Danúbio era a que tinha o maior estoque de
cigarro.
Os últimos anos
a venda de bebida caiu muito, devido aos novos bares que apareceram na cidade e
também por ter energia durante o dia todo, depois de certo tempo papai
desativou totalmente o motor.