13 de agosto de 2013
COLUNA ENSAIO GERAL POR ALEXANDRE TENÓRIO
A BARRACA DA FAVA
Originalmente ela iniciou suas atividades ao lado da igreja
matriz. Era montada toda sexta-feira e tinha uma dimensão de aproximadamente
6x8mt, era coberta com uma lona locomotiva e ficava funcionando até o amanhecer
do domingo, quando era desmontada para na próxima sexta-feira ser montada de
novo.
A sua proprietária era dona Terezinha Macário, senhora de cor
morena escura, estatura baixa, cabelos quase brancos envoltos por um lenço de
cores vivas, sempre foi bem cheinha e tinha um problema crônico no joelho
direito, sempre calma e de fala mansa ia atendendo a todos com satisfação e
galhardia, em pouco tempo a BARRACA DA FAVA tornou-se um referencial para os NOTÍVAGOS
(PESSOAS QUE CURTEM A NOITE).
A BARRACA DA FAVA servia uma deliciosa FAVA acompanhada com
arroz, salada de tomate e cebola que podia ser acompanhada por carne de boi ou
porco assada na brasa, galinha de capoeira guisada, bode guisado, ou carne de
boi guisada. Só tinha isto mesmo, porém o tempero de dona Terezinha Macário era
muito bom, todos que frequentavam a BARRACA, se deliciavam com estas comidas.
A BARRACA DA FAVA era um lugar democrático, ali frequentavam
bêbados, vagabundos, malandros, professores, doutores, todos em uma completa
harmonia. O mais importante é que dona Terezinha servia a todos, da mesma
maneira, não tinha preferência por ter mais dinheiro ou título, para ela, eram
todos fregueses.
Devido o grande movimento, a barraca foi impedida de
funcionar naquele local, pois estava atrapalhando o funcionamento tanto do
fórum, como da igreja. Quando a barraca era desmontada ficava muita sujeira e
principalmente o fedor de mijo, pois como na barraca não tinha banheiro, o
pessoal mijava na calçada da igreja.
A barraca foi transferida para o lado do mercado de carne,
onde hoje existe uma feirinha e no dia de sábado a feira da troca.
Ao se transferir para este local, a proprietária achou por
bem ficar permanentemente com a barraca armada. Montou uma estrutura de lona e
cimento, um banheiro improvisado, que só homem podia usar, e aumentou o tamanho
da barraca, ficando algo em torno de 6x10 metros. A transferência para este
local não fez bem a barraca, pois como passou a ser aberta permanentemente 24
horas por dia, 7 dias da semana, 30 dias do mês, passou a atrair tudo quanto
era de bêbados e vagabundo, e aquilo que era uma coisa romântica para os
notívagos, passou a ser um lugar perigoso, não havia um dia que não houvesse
confusão, então as pessoas da sociedade deixaram de frequenta a barraca.
Depois de muita confusão e briga, aconteceu um assassinato na
barraca, isto foi a gota d’agua para o seu fechamento, que se deu no governo de
Audálio Ferreira. Uma coisa que também influenciou o seu fechamento foi o
monstrengo que era esta barraca, formada por uma lona locomotiva velha e sem
nenhuma estrutura urbanística.
A comida servida na barraca da fava, jamais será esquecida
por aqueles que um dia provaram.
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