18 de julho de 2013
COLUNA ENSAIO GERAL POR ALEXANDRE TENÓRIO
O LIQUIDIFICADOR PARTE I
No início da década de 70, chega oriundo de Rainha Isabel, um
jovem franzino, tímido, porém muito estudioso. Este jovem foi criado pelo seu
avô, pois a sua mãe morreu cinco meses depois que ele nasceu, vítima da febre
asiática. Com pouco tempo, ele tornasse o primeiro da classe, pois era muito
inteligente. Bom Conselho, para ele, era um mundo novo. Era a mesma coisa do
jovem que saia de nossa cidade para o Recife. Recife era a capital para nós de
Bom Conselho e Bom Conselho era a capital para o povo Rainha Isabel. Este jovem
era Dr. Zenício, que todos vocês conhecem.
Um dia
estudando na casa de seu colega Erivaldo Taveira, ouve uma zoada estranha na
cozinha, pouco tempo depois a mãe de Erivaldo trás para ele num copo, um
liquido grosso, e diz que é vitamina de banana. Zenício nunca tinha tomado
VITAMINA DE NADA, pois um liquidificador era um produto caro, somente pessoas
muitas ricas é que possuíam tal artefato doméstico. Hoje um liquidificador é
comprado por até 50 reais, naquela época um liquidificador a dinheiro de hoje,
devia valer mais de 400 reais.
Zenício começa
a tomar a vitamina, e como num passe de mágica, se encanta com a bebida.
Naquele instante o seu ser, começa a degustar o liquido mais gostoso que ele
tinha tomado. A partir daí, toda vez que Erivaldo chamava ele para estudar na
sua casa, Zenício aceitava imediatamente a oferta, e seu pensamento ficava
voltado para a hora que a mãe de Erivaldo ia para a cozinha e acionava o liquidificador,
naquele instante a zoada do liquidificador era para os ouvidos de Zenício, como
uma linda sinfonia de Beethoven. As suas papilas degustativas começavam a
trabalhar e em pouco tempo sua boca se enchia de água. No intervalo entre a
fabricação da VITAMINA e a chegada da mesma para ser degustada, Zenício perdia
o foco do estudo – se você perguntasse quem descobriu o Brasil - ele dizia
Cristóvão Colombo – ficava azoado. Somente quando chegava a VITAMINA e ele
bebia, era que ele voltava a sua cabeça para os estudos.
Possuir um
liquidificador passou a ser o seu principal desejo, ele morava na casa de sua
tia, na Rua Vidal de Negreiros. Sua tia era casada com o soldado Cicero de
Maninho, e com o dinheiro ganho por Cicero, era humanamente impossível ter em
casa um LIQUIDIFICADOR. Logo depois da copa do mundo de 1970 foi lançado em
todo Brasil as figurinhas OLÉ OLÁ, foi um estouro de vendas, em nossa cidade
ela foi trazida pelo senhor Geovane, que tinha uma bodega na Rua Joaquim
Nabuco. O álbum continha todas as 16 seleções que tinham disputado a copa do
mundo de 1970. Cada seleção quando devidamente preenchida, você ganhava um
produto, que ia desde DOMINÓ, até o prêmio máximo que era uma BICICLETA. Se
vocês lerem o meu livro “A TENDA DE ZÉ BIAS” vocês vão ter uma ideia melhor do
que aconteceu com esta figurinha em nossa cidade.
Um dos prêmios
era exatamente um LIQUIDIFICADOR.
NA
PRÓXIMA SEMANA TEREMOS O FINAL DESTA INTERESSANTE HISTÓRIA.
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