Armando
Monteiro diz que projetos eleitorais de 2014 têm que estar comprometidos com
desenvolvimento, emprego e investimentos no Estado.
Sempre apontado como nome forte para
disputar a sucessão do governador Eduardo Campos no próximo ano, o senador
Armando Monteiro (PTB) é enfático ao expressar o que, na opinião dele, será
fundamental no ano eleitoral de 2014: as lideranças políticas de Pernambuco,
independente de seus projetos pessoais, precisam assumir o compromisso de
consolidar o crescimento do Estado, com novas obras, com a atração de
indústrias e a interiorização do desenvolvimento para todas as regiões.
Armando concedeu entrevista ao programa de
Geraldo Freire nesta segunda-feira (10) e defendeu o seguinte: “Nos últimos
anos, Pernambuco pôde avançar pela política, a boa política ajudou Pernambuco
extraordinariamente. Veja quantos projetos importantes tiveram na sua origem
uma decisão política e o quanto isso foi valorizado por uma parceria produtiva
e bem feita. Então, o que é que eu costumo dizer? Se a boa política conduziu
Pernambuco a esse novo patamar de desenvolvimento, nós temos que ter muita
responsabilidade para que a política ainda possa nos levar a novos patamares, à
consolidação desse projeto de desenvolvimento que está em curso”.
Armando Monteiro falou ainda sobre inflação
e os índices de aprovação do governo Dilma Rousseff.
Veja
abaixo a íntegra da entrevista:
Sobre
a inflação
Armando
Monteiro – “A inflação realmente sempre preocupa,
porque diminui a renda real do trabalhador. Quando os preços se aceleram é como
se você estivesse reduzindo o salário médio das pessoas. Veja que o dado
preocupante deste recrudescimento da inflação é que ela é muito maior em alguns
segmentos. Por exemplo, na área de alimentos. Nós falamos que o Brasil tem uma
inflação projetada de 6% mas, no entanto, na área de alimentos a inflação é
muito maior, chegando a 13%, 14%. E há um indicador preocupante nos últimos
meses: a venda nos supermercados caiu. É sinal de que, como a inflação é mais
alta na área de alimentos, isto está refletindo-se na perda de renda real, de
salário real do trabalhador.
O Brasil tem uma longa
memória inflacionária. O Brasil domou a inflação, mas não venceu a inflação.
Ainda existe na estrutura da economia brasileira uma série de mecanismos que
realimentam a inflação. Ainda há muita indexação de preços. Por exemplo, o
salário mínimo, os aluguéis, as mensalidades escolares, estão atrelados a
mecanismos de indexação.
Então, se nós não tivermos
cuidado, qualquer movimento que seja feito de forma não adequada, a inflação
pode mudar de patamar. E aí isto tem um poder extraordinário de erodir a
popularidade dos governos. Ou seja, com inflação não se brinca. Com inflação
temos de ter uma atitude de muito rigor. A taxa de juros é um instrumento. Às
vezes é um remédio amargo. Mas muito pior do que o remédio é a inflação.
Então, se eu pudesse aqui
dizer o que está refletindo esta pequena perda de popularidade do governo, eu
diria; é, numa certa medida, a inflação, e a combinação de algumas notícias e
de um farto noticiário no Brasil de alguns aspectos negativos da agenda
econômica. Então, se somarmos tudo, terminou se produzindo este resultado”.
Na
economia valem as expectativas
Armando
Monteiro – “Na economia, valem mais as expectativas do
que o dado presente. Se os agentes econômicos, um pequeno empresário, ou o
consumidor, por exemplo, olha para o futuro e acha que vai ter mais inflação,
já começa tomando medidas defensivas, antecipadamente, que só servem para
sancionar esta expectativa, e fazer com que tudo isto aconteça mesmo. Portanto,
é por assim dizer a crônica da morte anunciada”.
A
área de serviços tem pressionado os preços
Armando
Monteiro – “Os bens industriais cresceram muito menos
de preço do que os outros segmentos. Porque eles estão sujeitos à concorrência
do produto importado. A indústria brasileira está perdendo espaço no mercado
doméstico para a importação. E não há melhor forma de combater aumento de preço
se não com a importação. É como dizer: “Olha, você vai praticar seu preço, mas
se elevar muito eu importo e deixo de comprar a você”. Isto acontece com a
indústria. Agora, porque isto não acontece na área de serviços, por exemplo?
Porque você não pode importar serviços. Você vai ao cabeleireiro, não pode
importar cabeleireiro. Então, a área de serviços é que tem pressionado mais os
preços.
E tem outro dado também. O
Brasil está vivendo em uma situação, e olhe o paradoxo, muito positiva, que é
quase de pleno emprego. Mas quando você
tem uma economia funcionando a pleno emprego isto gera também pressões
inflacionárias. Porque nos acordos e negociações coletivas, as categorias se
fortalecem a tal ponto... Porque você não tem praticamente um estoque de
desempregados, você não tem gente qualificada para substituir aquele
trabalhador. Então, nas negociações coletivas, as categorias vêm conseguindo
impor ganhos, aumentos reais de salários significativos. E aí, na área de serviços,
você passa isto para os preços”.
Medidas
necessárias
Armando
Monteiro – “A solução é atuar sobre as expectativas
primeiro. É dar um sinal aos agentes econômicos que quem ficar apostando na
inflação vai perder. Qual é a melhor
maneira de sinalizar isto para os agentes econômicos? É aumentar,
circunstancialmente, a taxa de juros. É dizer: “Olha, a autoridade monetária
não vai brincar. Se é para aumentar a taxa de juros nós vamos aumentar”. E a
outra é aumentando a produção. Nós precisamos de mais produtividade na
economia. O Brasil vive um processo de perda de produtividade, relativamente. Nós
precisamos aumentar a produção, ampliar a oferta, e aumentar o investimento”.
Investimento
em inovação
Armando
Monteiro – “A empresa brasileira está confrontada com
a sua própria sobrevivência. É o empresário que está cuidando do capital de
giro, de pagar a folha, de poder concorrer no curto prazo. O investimento em
tecnologia e inovação é de médio e longo prazo. Então, você para gerar inovação
precisa ter um ambiente econômico mais estável, mais equilibrado. Mas, apesar
disto, as linhas de financiamento para a área de inovação têm sido ampliadas no
Brasil. A Finep (Agência Brasileira de Inovação) tem três vezes o orçamento que
tinha há cinco anos”.
A
recuperação da economia americana
Armando
Monteiro – “O dólar está se valorizando no mundo. É
uma tendência em relação a esta cesta de moedas, seja em relação ao Real, seja
em relação ao euro, às moedas asiáticas. O dólar está se valorizando porque os
Estados Unidos estão ganhando novamente fôlego econômico. A economia americana
voltou a andar. E, o que é mais importante, há um sentimento de que a economia
americana virá com mais força, porque ela está se tornando mais competitiva.
Ela já tinha o conhecimento, já faz inovação em muitas áreas, porque tem um capital
humano muito qualificado. E, além disto, ela está reduzindo custos de produção.
O gás no Brasil custa US$ 15 por milhão de BTU. O gás lá fora custa US$ 4 o milhão de BTU. E mais, agora tem o gás do
xisto, que o americano descobriu, que é mais barato ainda. Então, a economia
americana está se relançando na indústria com custos baixos”.
Desmonte
da indústria brasileira é inaceitável
Armando
Monteiro – “Porque a situação da indústria no Brasil é
difícil? Porque ela tem custos mais altos do que os asiáticos, e ela não
incorpora o conhecimento, como as economias mais avançadas. Nós estamos no meio
do caminho. Ou nós cuidamos de reduzir custos sistêmicos, reduzir custos
logísticos, tributários, de energia, fazer com que não haja um grande
descompasso entre salário e produtividade, e investir em inovação
crescentemente, ou a indústria brasileira tenderá a regredir. E eu tenho dito
que admitir o desmonte da indústria brasileira é algo inaceitável. Este foi um
trabalho de gerações. O Brasil construiu uma indústria expressiva. E se nós não
enfrentarmos esta agenda da competitividade, nós corremos o risco de ter menos
indústrias. E quando se tem menos indústria o crescimento é pior”.
A
redução na tarifa de energia teve efeito?
Armando
Monteiro – “Acho que sim. Foi um passo importante, um
sinal importante. Agora, a diminuição das reservas, dos nossos reservatórios de
águas, das hidrelétricas, fez com que o governo tivesse de acionar as
termelétricas e utilizar gás, o que aumenta os custos. E isto aconteceu na
mesma hora que a presidente Dilma reduziu as tarifas. Então nós não estamos
sentindo ainda o efeito de forma expressiva.
Mas, voltando ao quadro normal, nós tivemos uma redução do custo da
energia.
Vamos lembrar também, e este
é um mérito do governo da presidente Dilma, que mais de 50 setores da economia
tiveram redução na folha de pagamento, não pela redução de salários, como a
Europa está fazendo e teve que fazer, mas pela redução dos encargos na folha. A
folha está sendo desonerada, quando você tira aquela contribuição patronal do
ISS, da folha para o faturamento. Então, é atuar sobre os custos, diminuir os
custos, isto é o que nós precisamos fazer para termos uma indústria competitiva”.
O
Brasil desaprendeu a investir em infraestrutura e logística
Armando
Monteiro – “Este é um ponto seríssimo. O Brasil é
competitivo até a porta da fazenda. Ninguém produz soja com custos tão baixos do
que o do Brasil. Mas para levar soja da fazenda para o porto, aí a gente começa
a perder. Perde porque as estradas são ruins, porque não tem condição adequada
de armazenagem, perde porque a operação portuária é onerosa e pouco produtiva.
Então, na fazenda o Brasil tem custos imbatíveis, mas até chegar no porto estas
vantagens desaparecem, por conta da infraestrutura e da logística.
E porque a infraestrutura
se deteriorou tanto no Brasil? Porque o Estado brasileiro, além de investir
pouco, desaprendeu a investir em logística. Eu lembro da estrutura do DNIT
(Departamento Nacional de Infraestutura de Transportes), o que foi o GEIPOT
(Grupo Executivo de Integração da Política de Transportes), no passado. Tinham
capacidade técnica, capacidade financeira, fazia-se bons projetos, você tinha
uma qualidade técnica nesta área. Depois, vieram aqueles anos difíceis e tudo
isto foi sendo desmontado. E o Estado brasileiro só sabe fazer o gasto de má
qualidade. Qual é? É contratar gente, é inchar a máquina, é fazer despesa de
custeio. Agora, o gasto bom, que é o gasto em infraestrutura, que é o gasto que
melhora a vida das pessoas, que aumenta a produtividade da economia, este o
Estado brasileiro desaprendeu a fazer. Então as obras se arrastam, anos e anos,
têm problemas técnicos, se faz obras sem o projeto executivo ficar pronto.
O que é que nós estamos
sofrendo na transposição (do rio São Francisco)? Iniciamos a obra sem os
projetos executivos prontos. Quando os projetos ficam prontos a obra tem que
mudar. Porque tem coisas que não estavam previstas, tem custos adicionais”.
Parcerias
com o setor privado
Armando
Monteiro – “Então algo fundamental é investir em
infraestrutura. Já que o Estado brasileiro perdeu esta capacidade, é preciso
fazer parceria com o setor privado. E em boa hora a presidente Dilma, mesmo com
atraso, está lançando os editais para fazer concessões na área de ferrovia, de
rodovia. Para estes editais serem bem sucedidos é preciso deixar o mercado
funcionar, leilões. E aí, a taxa de retorno, a lucratividade de quem vai entrar
no negócio, o mercado define.
Esta coisa
intervencionista de querer determinar lucro, margens, é por assim dizer agredir
a própria lógica do mercado. Porque é preciso ter taxa de retorno atrativa?
Porque são investimentos de prazo longo. Num país que tem tantas incertezas do
ponto de vista regulatório, o empresário para entrar tem que ter segurança. Sem
a parceria com o setor privado, estas obras não vão acontecer.
Então, o Brasil precisa de
mais parceria e precisa reforçar a capacidade técnica do Estado. E veja que ela
(Dilma) recriou uma Empresa de Planejamento e Logística, EPL, que nada mais é
do que o GEIPOT do passado. O Brasil está voltando, décadas depois, a fazer
aquilo que infelizmente deveríamos ter feito muito antes”.
O
debate econômico vai substituir a agenda social nas Eleições 2014?
Armando
Monteiro – “Eu acho que não há como tratar o social
sem cuidar do econômico. Como é que o Estado pode ter políticas sociais
sustentáveis, e até ampliá-las, se não tiver um bom desempenho na economia?
Quando a base econômica cresce você amplia a arrecadação dos entes públicos de
forma saudável. Porque você amplia a arrecadação pela via do crescimento.
E é a arrecadação, em
última instância, que garante os programas sociais. Como é que nós podemos
fazer mais programas sociais se tivermos um quadro de estagnação na economia?
Então este debate está absolutamente interrelacionado.
Não há quem não se eleja
presidente da República sem ter uma visão do processo econômico, de como pode
destravar, de como o país pode crescer, de como pode crescer melhor. Porque nós
não podemos crescer para alguns só. Houve um tempo, o do milagre econômico, em
que o país crescia 10%, mas o povo não se apropriava destes ganhos”.
Contribuições
de Lula e Fernando Henrique
Armando
Monteiro – “Então a pergunta é a seguinte: crescer
para quem? E hoje, veja o paradoxo, a gente cresce menos, mas o povo está
melhor, porque houve uma melhor distribuição de renda no Brasil nos últimos
anos. E aí credite-se, em certa medida ,ao início dos programas sociais - que
Fernando Henrique teve um peso -, ao fim
da inflação, porque a inflação era um flagelo que tirava a renda do mais pobre,
a estabilidade também ajudou. E, em
grande medida, ao presidente Lula, que pôde com os programas sociais e com a
política do salário mínimo, promover uma grande distribuição de renda neste
país. O melhor candidato a presidente da República é aquele que tem uma visão
da economia, que sabe como o país pode crescer pode crescer mais e melhor, sem
evidentemente descurar da realidade, de um olhar sobre a realidade social. E,
para mim, a realidade social hoje nos impõe um desafio fundamental, que é
melhorar o desempenho do sistema educacional do Brasil”.
Pernambuco
avançou pela boa política
Armando
Monteiro – “Queria começar fazendo uma colocação
olhando Pernambuco, porque a gente tem que ter um olhar sobre o Estado sempre:
como Pernambuco pôde avançar ao longo desses últimos anos pela política? Ou
seja, a boa política ajudou Pernambuco extraordinariamente. Veja quantos
projetos importantes tiveram, na sua origem, uma decisão política. E o quanto
isso foi valorizado por uma parceria produtiva e bem feita. Então, o que é que
eu costumo dizer? Se a boa política conduziu Pernambuco a esse novo patamar de
desenvolvimento, nós temos que ter muita responsabilidade para que a política
ainda possa nos levar a novos patamares e até à consolidação deste projeto de
desenvolvimento que está em curso. Ou seja, nós atores políticos precisamos ter
a responsabilidade de não fazer com que as justas ambições, até legítimas,
possam ao final traduzir-se em um prejuízo para o Estado de Pernambuco. Então,
se a boa política nos trouxe até agora, vamos fazer com que ainda pela
política, e pela boa política, nós possamos ser conduzidos em direção ao futuro”.
A
presença do PTB no Governo Dilma
Armando
Monteiro – “O PTB Nacional tem um alinhamento forte com o
Governo Federal. Já tinha porque as bancadas na Câmara e no Senado são
governistas, estão na base do governo e se alinham com o governo. E agora,
houve um convite para que o presidente interino do partido pudesse exercer uma
diretoria do Banco do Brasil. Então, esse enlace do PTB com o Governo Federal
ao que parece está se fortalecendo. Agora, isto define a posição do partido até
a próxima eleição? Não necessariamente. O que é que nós assistimos hoje?
Existem partidos que estão na base da presidente Dilma, que tem até
ministérios, e que tem dito o seguinte: 2014 nós vamos tratar em 2014”.
Apoio
do PTB à reeleição de Dilma não está selado
Armando
Monteiro – “Eu lembro que o presidente do PDT, por
exemplo, Carlos Lupi disse que a ida do partido para o ministério diz respeito
à aliança feita na eleição passada e que 2014 é outro momento. E têm partidos,
feito o PSB, que estão no governo da presidente Dilma, e que aspiram um projeto
próprio, o que eu acho até legítimo. Ora, se isso tudo está acontecendo,
admitir que o PTB amanhã possa, necessariamente, não formalizar a aliança com a
presidente Dilma, é algo que pode acontecer. Em suma, não está definido, não
está selado”.
Eduardo
também conversa com o PTB
Armando
Monteiro – “Especula-se sobre muita coisa. O governador
tem canais. O governador tem dialogado até com o PTB, independentemente de mim.
Ele tem seus canais próprios. Eu acho que tem uma questão em Pernambuco que vai
ser, esta sim, definidora: o governador é candidato? Porque até agora nós
falamos sobre hipóteses de alianças. Mas qual é a realidade atual? A realidade
é que o PSB está no governo de Dilma, o PT está no governo de Eduardo e o PTB
está no governo de Eduardo e no governo de Dilma”.
Decisão
de Eduardo será fundamental para formação de alianças
Armando
Monteiro – “Eu não sinto nenhum desconforto. Eu fui eleito
em 2010 num palanque onde estavam o PT e o PSB. Eu me elegi ao lado de Eduardo
e de Humberto. Eu estou inserido neste campo. Houve aquele episódio da eleição
municipal, onde nós acompanhamos o PSB, em que houve esta posição de falta de
convergência na aliança. Mas o fato é que nós estamos inseridos nesse campo. Agora
a questão é a seguinte: o governador vai ser candidato, o PSB terá um projeto
próprio ou não? Isso vai ser fundamental para a definição e encaminhamento do
processo aqui”.
Cenário
pode ser definido ainda este ano
Armando
Monteiro – “Às vezes, você pode até desejar um
calendário, mas a dinâmica do processo político não ajuda. Porque as alianças
que vão se formando, as especulações, os movimentos dos pré-candidatos... Tudo
isso faz com que o projeto tenha uma dinâmica própria. Meu sentimento é que
esse processo terá que ser definido, ou pelo menos, terá que se desenhar este
ano. Não vai dar para imaginar que isso só vai ser discutido em 2014. Porque é
evidente que o Governo Federal, diante deste processo, vai em algum momento
colocar a questão da solidariedade dos seus parceiros. Acredito que no segundo
semestre este processo tem que estar claramente desenhado, na minha avaliação”.
Não
faço movimentação fora de nosso campo político
Armando
Monteiro – “Me sinto confortável. Esse processo nosso
aqui é tranquilo. Eu estou no mesmo campo onde estive em 2010. Não estou
fazendo nenhuma movimentação fora do nosso campo. Eu dialogo com o PSB.
Considero que o governador Eduardo Campos é o condutor natural deste processo, e
dialogo com o PT. Agora, neste momento, todos estão juntos ainda. Vai haver o
momento em que, se houver o projeto próprio do PSB, essa questão então vai ser
definida”.
Sobre
Fernando Bezerra Coelho
Armando
Monteiro – “Fernando Bezerra Coelho tem se
desempenhado muito bem no Ministério (da
Integração Nacional). Um ministério difícil, um ministério cheio de problemas.
Ele encontrou lá um imenso passivo, representado por obras que estavam
interrompidas. Processos que tiveram que ser reiniciados e retomados. E o
ministro, de forma operosa e competente, tem enfrentado essa agenda negativa do
ministério e tem vencido. E tem sido um grande parceiro de Pernambuco. Quem
anda por aí afora e vê estas obras hídricas que estão sendo feitas como a
Adutora do Pajeú, a ampliação da Adutora do Oeste, a Adutora do Agreste,
pequenas adutoras como essa que vai servir a Arcoverde. Tudo isso tem muito
dinheiro do Governo Federal”.
Pernambuco
descuidou de sua infraestrutura hídrica
Armando
Monteiro – “Há estados no Nordeste que tinham melhor
infraestrutura no setor hídrico do que Pernambuco. Pernambuco descuidou disso
ao longo do tempo. Veja, por exemplo, o Rio Grande do Norte tem uma malha de
adutoras, Sergipe, a Paraíba tem, o Ceará. Então, Fernando tem sido um bom
parceiro e está lá servindo a Pernambuco. Ao Brasil, porque é ministro do país,
e a Pernambuco”.
O
candidato à presidência tem que tratar da agenda do semiarido
Armando
Monteiro – “Nós descuidamos de uma agenda permanente
de enfrentamento da questão do semiárido. Nós, lideranças do Nordeste. Tanto
que agora eu tenho dito o seguinte: candidato a Presidente da República tem que
tratar essa agenda do semiárido como uma agenda fundamental. Aliás, essa é uma
agenda de Estado. Nós temos que cobrar o compromisso com essa agenda. A
continuidade das obras de segurança hídrica e infraestrutura, um amplo programa
de segurança alimentar para os rebanhos, silagem, relançamento da palma em
condições fitossanitárias que protejam da cochonilha. Temos muito o que fazer.
Tem uma agenda extensa aí para fazer. Agora, voltando àquele ponto, Fernando
tem sido um bom ministro de Pernambuco, tem sido parceiro, e essas questões
políticas que são identificadas, encontros, desencontros, ficam muito na
crônica política. O importante é trabalhar por Pernambuco”.
Armando
é candidato ao Governo de Pernambuco?
Armando
Monteiro – “Nunca escondi, até porque não é do meu
temperamento, que aspiro ser”.
Governo
Federal e Estadual têm atuado no combate à seca
Armando
Monteiro – “Ambos têm atuado nos últimos anos de forma
proativa. Veja o trabalho do Ranilson Ramos, por exemplo, um secretário
onipresente. As pequenas obras, as cisternas, a assistência na emergência, a
presença. Agora tem um programa de pequenas barragens exatamente para
capilarizar essa questão da acumulação de água, porque tem lugares remotos, que
ficam longe das adutoras. É preciso fazer um programa de pequenas barragens.
Tem um programa novo agora do Ministério”.
Pernambuco
ainda tem muitos desafios
Armando
Monteiro – “Nós temos em Pernambuco ainda muitos
problemas e muitas carências estruturais. O pernambucano, graças a Deus,
readquiriu a confiança, acredita no seu Estado, mas nós temos que ter a compreensão
de que este ciclo precisa ser mantido e que Pernambuco tem muitos desafios pela
frente. Estou expressando uma visão de um político que tem responsabilidades
com o Estado. Quando a gente fala da economia, com tanta coisa acontecendo em
Pernambuco. Mas quanto a economia de Pernambuco representa em relação a
economia do país? Nós somos menos de dois por cento da economia do Brasil. Nós
somos meio por cento das exportações brasileiras”.
É
preciso avançar na educação
Armando
Monteiro – “Nós temos na área de educação um
desempenho que melhorou muito nos últimos anos, graças ao esforço do Governo do
Estado, mas nós ainda não estamos muito bem situados no ranking da educação no Brasil. Então, há muito o que fazer. E por
isso, eu digo: a boa política que nos ajudou nos últimos anos, a gente precisa
ter cuidado para que esses movimentos todos, que são justos, que traduzem
justas aspirações, onde eu me incluo, que isto ao final não expresse uma
posição personalista. Nós precisamos ter a seguinte compreensão: os nossos
projetos têm que ter sempre como limite o interesse mais amplo de Estado”.
O
fraco desempenho do Nordeste na agricultura
Armando
Monteiro – “Veja como nós somos pouco relevantes. Em
que pese essa foi a pior seca, que dizimou rebanhos, você vê que o Brasil está
batendo recordes (na produção de grãos). Neste PIB de 0,6, a agricultura
respondeu por 9,5%. Então, foi graças à agricultura que nós crescemos 0,6,
senão teríamos crescido 0,2. Então, o que acontece? Temos carências estruturais
imensas. Veja o desafio dessa infraestrutura de Pernambuco. Como a gente tem
obras fundamentais que precisam ser concluídas. A Transnordestina, que é uma
definidora das condições logísticas. Acredito que nós vamos terminar a Transnordestina,
porque acho que a obra é irreversível. Chegou a um ponto que não dá para
retroceder. Agora evidentemente, houve uma extensão do cronograma. A obra
encareceu muito. Nós tivemos algumas coisas que foram administradas por
governos estaduais, como as desapropriações, que atrasaram. Nós tivemos alguns
problemas de natureza técnica. Mas é irreversível. E para o Nordeste é
fundamental”.
O
desafio da qualificação e a interiorização do desenvolvimento
Armando
Monteiro – “Temos um desafio imenso que é a questão do
capital humano, que passa pelo sistema educacional, pelo treinamento, pela
capacitação, pela qualificação. Veja que em Pernambuco o desenvolvimento é
muito concentrado ainda. Houve um esforço extraordinário do governo Eduardo
Campos e, ao meu ver, uma das mais importantes decisões do governador foi essa
de induzir a localização da FIAT em Goiana. Você está criando um novo polo de
desenvolvimento que vai além de Goiana. É um novo eixo de desenvolvimento. Foi
uma decisão fundamental, do ponto de vista estratégico. Mas quando a gente olha
outras regiões do Estado, você vê que o tecido econômico é rarefeito. Não tem
quase nada em algumas áreas. Então, há muita coisa que nós temos que fazer e,
para isso, volto a dizer, a boa política que nos trouxe até agora tem que nos
conduzir e garantir esse futuro que vem pela frente”.
Excesso
de Ministérios no Governo Federal
Armando
Monteiro – “Tem ministérios que são na realidade
secretarias, às quais deram status de
ministério. Há ministros que não despacham com a Presidente da República, meses
e meses. O ideal é que você tivesse uma estrutura enxuta com 12 ou 15
ministérios e que, dentro destes ministérios, as áreas afins pudessem estar
incorporadas num nível de secretarias. Por exemplo, esta questão da pesca. Tem
ministérios também na área social, de direitos civis, de políticas públicas. Em
suma, nós precisamos ver. Eu quero dizer que endosso esta crítica, porque acho
que a presidente não consegue despachar com 40 ministros. Acho que há uma
fragmentação, dispersão, sobreposição, e isto é muito ruim”.
Eduardo
é candidato a presidente em 2014?
Armando
Monteiro – “A definição do governador Eduardo é
fundamental no processo. Porque ele é um ator importante. Se ele for candidato
a presidente da República, isto vai produzir uma situação de um novo palanque
nacional e isto terá reflexos sensíveis em Pernambuco. Então esta posição do
governador poderá em grande medida definir estes outros movimentos. Sobre
chances, ou percentuais (de se confirmar a candidatura) eu não me arriscaria a
dizer. Eu tenho indicações que me apontam que o governador é candidato, mas
evidentemente ele próprio tem dito que esta decisão ainda vai passar por uma
discussão no próprio partido, uma avaliação das condições, que este ano ainda
deve ser consagrado à gestão, à administração. Acho que esta posição vai ser
definida, naturalmente, nos próximos meses”.
Diálogos
políticos e o projeto de candidatura ao Governo
Armando
Monteiro – “A primeira questão é a seguinte. Como é
que se faz a política? A política se faz no diálogo, na conversa. Qual é o ator
político que possa se furtar de conversar, de dialogar? Conversei longamente
com João Lyra (vice-governador). Fizemos uma avaliação do quadro local. Ou
seja, a política se faz através do diálogo. E eu não vou me destituir da
condição de ser um ator político. Eu não
posso negar a essência do que é o processo político. Eu também converso com
Fernando Bezerra Coelho frequentemente”.
Opções
de palanques em 2014
Armando
Monteiro – “Eu dialogo com todos muito bem e não me
sentiria desconfortável se tivéssemos juntos amanhã, em qualquer circunstância.
Ou todos juntos no palanque de Eduardo aqui, o que pode acontecer, ou
eventualmente juntos numa oposição que seja coerente com a nossa trajetória e
com o campo onde nós estamos inseridos. Eu não teria dificuldade”.
A
escolha do candidato da Frente Popular
Armando
Monteiro – “Eu tenho dito e reconheço que o natural
condutor do processo é o governador, que tem dado demonstrações de competência
política, de competência administrativa. A chapa de 2010 foi construída com uma
visão pluripartidária. Eu confio que o governador vai encaminhar isto da melhor
forma possível. Porque acho que o governador tem a consciência de que a boa
política é que nos trouxe até aqui. Portanto, vamos apostar na boa política e
vamos dialogar sempre, sobretudo no interesse de Pernambuco”.
Crédito
da foto: Alexandre Albuquerque/divulgação