O
arcebispo-primaz do Brasil, dom Murilo Krieger, apresentou nesta quarta-feira
uma cartilha com orientações da igreja católica aos eleitores. Enfatizando o
caráter apartidário da entidade, o documento conclama os cidadãos a
"eliminar do pleito os candidatos, cuja vida pregressa, de acordo com essa
lei (da Ficha Limpa), contamina o cenário político e ameaça a democracia".
"As
constantes notícias sobre corrupção e desonestidade na política proporcionam
desesperança às pessoas. Mas quem colocou esses políticos lá fomos nós, então,
vamos pensar melhor em nossos votos para que a situação melhore", afirmou
dom Murilo em entrevista coletiva. Ele destacou que um dos objetivos da nota é
mostrar ao eleitor a importância do voto, "um grande recurso à sua disposição".
A
cartilha "Orientação sobre a participação dos católicos nas eleições"
foi elaborada pelo Conselho Presbiteral da Arquidiocese de São Salvador da
Bahia, e se referencia na cartilha "Eleições municipais de 2012",
desenvolvida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e publicada
no final de abril. Segundo dom Murilo, o texto do Conselho Presbiteral será
levado às paróquias e comunidades católicas para alcançar o público a que é
voltado.
O
arcebispo de Salvador destacou que a cartilha foi publicada "antes do
lançamento dos candidatos justamente porque a igreja não possui nenhum vínculo
partidário". O texto tem uma seção inteira dedicada a recomendações sobre
o "uso de espaços institucionais da igreja", que pede que essas áreas
não sejam utilizadas para atividades de campanha, nem ostentem cartazes ou
faixas de apoio a candidatos específicos - em caso de debates, sugere que haja
mais de um pleiteante presentes.
O
documento também destaca "alguns critérios" que o Conselho
Presbiteral considera "conveniente serem observados, para que cada um
exerça com plena consciência e clareza o dever de votar". O primeiro
deles, sob o título "O valor do voto", afirma que "de modo algum
é lícito vendê-lo ou trocá-lo por favores pessoais". "É bom lembrar
que o eleitor que anula seu voto omite-se e renuncia à possibilidade de
participar do processo político", continua a cartilha.
Outras
orientações incluem obter informações sobre candidatos e propostas, bem como
informar-se sobre o programa do partido, "para saber se é coerente com os
valores que a comunidade política deve tutelar em busca do verdadeiro bem
comum". O texto sugere avaliar o dinheiro gasto na campanha e a
possibilidade de cumprir as promessas feitas, e destaca que se deve dar atenção
especial "à propaganda enganosa, à oferta de dinheiro ou a favores que
visem enganar o eleitor".