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Alexandre Tenório - Escritor |
ERA TEMPO DE
CARVALVA (PARTE II)
A turma do funil era o bloco da
juventude dos anos dourados, tendo Ivan Crêspo o carregador do funil, este
bloco foi inspirado na musica de Vinicius de Moraes intitulada a turma do
funil. Outro bloco da minha lembrança é a
turma dos casados, lembro-me claramente Basto de Sá com um chapéu enorme na
cabeça, com a cara toda melada de pó e manga, eles mandavam o convite para irem
à casa da pessoa e naquela hora eles chegavam, a Turma dos casados eram
compostos só por homens, vi muitas vezes minha avó Berenice preparar a casa
para receber tão importante bloco, pois eles representavam a nossa sociedade, e
eu ficava na espreita olhando quando eles vinham, então quando eles apontavam
no começo da rua eu corria para avisar minha avó, então ela apressava as nossas
empregadas para deixarem tudo pronto, quando chegavam meu avô seu José
Correntão vinha receber eles e minha avó ia logo dizendo_ TENHAM CUIDADO PARA
NÃO DERRUBAREM NADA, SE DERRUBAREM VÃO PAGAR, então eles dizia que ela não
tivesse cuidado, pois eles não iam derrubar nada, quando saiam deixavam uma
rasto de destruição e sujeira, que eram logo limpos pelas empregadas de
plantão.
Uma das curiosidades do carnaval eram
três pessoas que saia toda tarde vestida de bobo (mascaradas), era elas “minha
avó Berenice, dona Hilda de seu Florisval Wanderley e dona Edite esposa de seu
Valdemar Gomes”, e o engraçado eram que elas formavam uma escadinha tendo dona
Hilda alta, minha avó media e dona Edite baixa. Elas saiam cada uma com um
chicote na mão, que era para espantar os meninos, pois os danadinho quando viam
elas se danavam a bulir com elas e então elas tomem chicote, era menino correr
para todos os lados.
No ultimo dia de carnaval saia à troça
mais irreverente do nosso carnaval, era o BLOCO DAS TI-RI-RI-CAS, eles vinham
do alto do Vera Cruz e eram basicamente formados pelas as pessoas que
trabalhavam no matadouro, eles vinham com os seus parentes e amigos, e os
trajes deles era qualquer porcaria encima do corpo, quem usava guarda-chuva
eles só tinham as varas sem o pano, mulheres com os mais variados trajes
esfarrapados, e muitos deles com mascara de pano, e todos que vinham com
mascaras tinham um chicote na mão que era para poder afugentar os meninos que
se danavam a bulir com eles, não sei os que menino tinha que gostavam de bulir com
os mascarados.
O estandarte das ti-ri-ri-cas era
compostos por tripas, lingüiças e bofes de animais, eles só saiam no último dia
de carnaval, e eram acompanhados por um trio de sanfona, triângulo e zabumba.
Tinha o bloco dos padeiros, que era
formado praticamente pelos pessoais que trabalhava nas padarias, e saia os três
dias de carnaval.
O La Ursa, que tinha seu apoio na Rua
Otávio Miranda e saia todos os dias. A Ursa corria atrás dos meninos, e aquilo
era uma festa.
Nos tempos idos tivemos vários blocos,
como AS MORENINHA (formada pelas as mulheres da vida), NEGRA DA COSTA (saiam
todos pintados de preto), O AMIGO DA ONÇA, O VENCEDOR (que era o bloco de
cocó), e o mais importante de todos os blocos que saiam à tarde que era “O PAGA
NADA”.
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