Conselheiro tutelar em Maceió, capital de Alagoas, tem salário de 4 mil e 300 reais


Quanto foi criado, dentro do Estatuto da criança e do Adolescente (ECA), o cargo de conselheiro tutelar representou um importante avanço social, de proteção à infância brasileira.

Foi no governo do presidente Collor, em 1990, que veio o sopro de esperança, e que gerou, sim, bons resultados ao longo dos anos.

Mas, como sói acontecer, o tempo foi se encarregando de corromper uma ótima ideia, que trouxe para o primeiro plano uma representação social voltada para um objetivo inegavelmente nobre.

É verdade que ainda há muita gente comprometida com os objetivos originais dos Conselhos Tutelares, mas eis que entram no jogo personagens danosos nesse processo: vereadores e candidatos a vereadores – ou deputados -, que, muitas vezes, financiam campanhas de conselheiros esperando o troco mais adiante.

Os eleitos, muitas vezes, se tornam cabos eleitorais dedicados a arrebanhar votos para os seus financiadores. 

Ora direis: é assim com a política partidária, em qualquer lugar do país. Nem por isso devemos normalizar o que acontece.

Numa cidade como Maceió, no estado com maior proporção de famintos no país – 36,7% da população -, o salário é até convidativo: pouco mais de R$ 4.300,00.

Some-se a isso algum prestígio social e a provável ajuda adicional de políticos que estão se lixando para o que acontece com nossas crianças e adolescentes.

O que acontece na capital alagoana acontece em todo o Brasil, mas alguns números começam a surgir por aqui clareando o cenário de Maceió.  

Por exemplo: um só vereador, já com mandato – conseguiu eleger oito conselheiros tutelares; outro, sete – e por aí vai, arrastando uma boa parte dos 50 eleitos (tem até deputado no meio).

O custo de uma eleição dessas, disse ao blog um especialista no assunto, superou R$ 50 mil, em alguns casos. O dinheiro, explicou, é gasto principalmente na logística da própria eleição, considerando que o voto não é obrigatório.

O que fazer?

O caminho é o mesmo para que a escolha dos representantes da população no Executivo e no Legislativo seja mais qualificada.


Texto: Ricardo Mota

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