A hipocrisia do ser humano e o poema "Receita de Ano Novo" de Drummond

 

As festas de fim de ano passaram já, mas a hipocrisia, não. É tanto besteirol que encontramos nas rede sociais que não da pra ler até o final.
Ora, eu, particularmente, vejo como apenas a mudança de um calendário anual, esse negócio de virada de ano. Vou continuar não gostando de quem não gostei em 2022, vou continuar afastado de quem me afastei em 2022. Vou continuar distante de quem sempre fui distante. Vou continua sendo sincero e sem puxar de ninguém.

Não é esse negócio de final de ano que me fará mudar de ideia. Esse negócio de vestir-se de amarelo, branco, dourado, etc., não será a redenção de alguma mudança humana. Tudo não passa de um sentimento de remorso...

Tem gente que passa o ano todo te ferrando, falando mal de ti, e quando chega o final do ano, aparece com mensagens copiadas da internet e flores murchas te oferecendo. Em gente assim não confie!

Nesta mudança de semana, mês e ano, resolvi ler Carlos Drummond de Andrade, com seu poema intitulado "Receita de Ano Novo", que diz:

"Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre".

Compreendeste?

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