No Cânion de Xingó as rochas são sedimentares com acamamento horizontal a sub-horizontal, enquanto no Cânion de Capitólio as rochas são metamórficas com várias estruturas verticais e horizontais que por vezes se encontram formando zonas de fraquezas.

Um fator importante para o acidente ocorrido foi o volume de chuvas na região do acidente. Em Capitólio – MG, segundo os dados do INMET, num período de trinta dias, entre 07/12/2021 e 07/01/2022 a região recebeu um volume de chuva estimado de 300m a 400m. Já para o Cânion de Xingó a situação é bem diferente, pois o volume médio anual é de 400mm para a região do sertão alagoano, ou seja, em Capitólio - MG choveu em um mês o que chove no período de um ano no Cânion de Xingó.

O volume intenso de chuvas faz com que a infiltração da água no solo e rochas cause uma saturação dos poros do solo e descontinuidades (fraturas), aumentando a pressão hidrostática e isso leva a uma redução da resistência ao cisalhamento. Em outras palavras, a água nos poros e fraturas agem como um “lubrificante”.

A partir de uma análise preliminar observa-se que no Cânion de Xingó não há indícios de risco iminente de desabamento dadas as estruturas geológicas locais e o volume de chuva na região. Ressalta-se que risco baixo não quer dizer impossibilidade de movimentos de massa na região.

Delmiro Gouveia, 10 de janeiro de 2022.

 

Anderson Rodrigues Delguíngaro – Geólogo - Secretaria Municipal de Meio Ambiente

Marco Antônio Diniz Nascimento - Geógrafo – Secretário de Meio Ambiente