Alienação Política – incapacidade de um povo em se orientar politicamente conforme seus próprios interesses.
Crença na operosidade de instrumentos inoperantes, de um lado; desinteresse total pelos fatos políticos, de outro. E, em sua forma mais grave – recusa em decidir o próprio destino, de raciocinar, de traçar seu próprio projeto; criação do mito do Chefe, do Messias, do Pai, do Salvador da Pátria.
Compreender o significado destes fenômenos, ver neles o sentido que possam ter, tal é a grande tarefa de quem se preocupa com o problema politico do Brasil de hoje”.
Trecho do artigo “Alienação Política”, do sociólogo, membro da Academia Brasileira de Ciências e ex-presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –IBGE-, Simon Schwartzman, publicado em Mosaico 4, revista do Diretório Central dos Estudantes da Universidade de Minas Gerais, em maio de 1961.
Como se vê o tempo passa, a tecnologia avança, os costumes mudam, mas a definição de “alienação”, em especial a vinculada à política , prevalece em seu conceito ao longo dos anos e das décadas.
Embora vivemos numa época, no Brasil, em que a grande maioria do povo vai às ruas para pedir justiça social, para defender direitos do trabalhador, combater as discriminações, os preconceitos, protestar contra a grande mídia e o judiciário por estes defenderem com unhas e dentes os privilégios das elites, das multinacionais, protestar contra os interesses das oligarquias e contra a dilapidação do patrimônio nacional concedido pelo sistema atual a preço de banana às grandes potências mundiais.
Embora tudo isto ocorra ainda há os alienados, esta legião de despolitizados que sempre aparece com o apoio à novidades (“mitos”) destrambelhadas do tipo “quebro e arrebento”, rompantes de moralismo, geralmente falsos; ou quando não apreciando o “bom mocismo” dos lobos vestidos de cordeiros.
Alienados são estes que temem e fogem do comunismo como o diabo da cruz. Inocentes, não sabem que aquilo que atribuem ao comunismo quem o pratica é o sistema capitalista.
É o capitalismo que rouba dos pobres para dar aos ricos, é o capitalismo que aumenta a fome no mundo, é o capitalismo que, através das grandes potências mundiais, armam as guerrilhas em países pobres para aquecer os negócios na indústria das armas, assim como criam lideranças nas nações subdesenvolvidas, inclusive até no Judiciário como ocorre em relação ao Brasil, para a manutenção de seus impérios.
Os Estados Unidos, por exemplo, interferem em toda a América Latina tentando impedir que países se desenvolvam para manter sua hegemonia de grande potência, querem que os latinos sobrevivam sempre na dependência de suas esmolas.
Enfim, toda a miséria do mundo incidente nos países latinos americanos, africanos, asiáticos, é provocada pelo capitalismo, não ter conhecimento destes detalhes é característica do alienado.
Agora, em período eleitoral, alienados falam em ditadura militar como salvação da pátria. Que ignorância! Ainda defendem o maior ícone da truculência na política nos últimos tempos, defender Jair Bolsonaro é atitude até sadomasoquista, é defender aquilo que só interessa apenas às potências estrangeiras afinal de contas, como disse o nada saudoso, e de triste lembrança, o ditador nicaraguense Anastazio Somoza, “governar um povo burro torna tudo mais fácil para o governante”.
Também, votar para o tal João Amoedo, de um partido chamado Novo mas que nada tem de novo, é outra forma de alienação, pelo menos para a classe pobre, para a grande massa trabalhadora do país.
O referido candidato a presidente da República faz o perfil perfeito apenas para o grande empresariado, para banqueiros.
Ele é candidato apoiado pelo Banco Itaú que, por sua vez, teve uma dívida de R$ 25 bilhões perdoada pelo governo golpista de Michel Temer.
Nada ético o Amoedo, que só não é um político corrupto porque está se adentrando a política agora, mas na sua lida empresarial não é nenhum santo, é parte das traquinagens nada saudáveis do setor monetário.
Enfim, o cidadão pobre votar em um banqueiro pensando em justiça social no país, melhorias às condições do trabalhador, é uma forma de alienação, é manter a hegemonia da pequena minoria dos multimilionários do país em detrimento da pobreza que voltou a aumentar com o golpe de 2016.
Nem é necessário aprofundar detalhes sobre o momento político, sobre candidatos apoiados por uma mídia tendenciosa, sobre as besteiras ditas pelos alienados que os aplaudem.
Aquele que dá mais atenção a conteúdos inúteis e acredita em informações sem questioná-las, é sem dúvida alguma um alienado, é aquele que acredita na “firmeza” de Bolsonaro, na “boa intenção” de Amoedo (um candidato certo apenas para os podres de rico); que acredita no PSDB e seus gurus, no “santo” Alckimin, no playboy Dória, no “falecido” Aécio, assim por diante, etc. e etc.-
Para terminar, lembremos do grande geógrafo Milton Santos quando diz que “A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos, quando apenas conseguem identificar o que os separa e não o que os une”.
ago 30, 2018
Nota do Blog do Poeta
Pergunta-se: De 2018 para cá, mudou alguma coisa? A alienação do eleitorado brasileiro parece que nunca terá fim, até por que não vemos esforços por parte dos eleitores, especialmente nos interiores do Brasil. Em cidade pequena, como Bom Conselho, por exemplo, isso é muito mais visível.
Pense nisso!
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