26 de maio de 2021

A Igrejinha de Santo Antônio de Salgadinho e a vida do exotérico João Inácio do sítio Salgadinho

 

Cláudio André O Poeta e o pedreiro Cícero do Salgadinho

A pequena igreja dedicada à Santo Antônio que se ergue no sítio Salgadinho em Pernambuco, foi construída por João Inácio da Silva. João Inácio da Silva Nasceu no Sitio Salgadinho no dia 25 de julho 1903 – Filho de José Inácio da Silva.

João Inácio - Construtor da igreja de Santo Antônio do Salgadinho

O QUE DIZ A HISTÓRIA

João Inácio foi o terceiro filho do senhor José Inácio e logo após seu nascimento, a mãe veio a falecer. Após a morte da esposa, seu pai, Jose Inácio da Silva se casou novamente com Maria Alexandrina da Silva. Desse modo, ele foi criado pela segunda esposa Maria Alexandrina da Silva a quem a chamava de “madrinha” (madrasta).

Ida a São Paulo

No decorrer dos anos o casal José Inácio da Silva e Maria Alexandrina da Silva teve vários filhos e filhas, todos vivendo no Sítio Salgadinho. Por volta de 1930, João Inácio da Silva, casou-se no sitio Salgadinho e logo após, mudou-se com a esposa para São Paulo.

A viuvez de João Inácio

Na primeira gravidez da esposa um parto complicado resultou na tragédia com o falecimento da mãe e da criança. Viúvo, ainda permaneceu em São Paulo e viveu algum tempo na cidade de Santos onde trabalhou no Sitio São Jorge, hoje vila São Jorge, onde plantava bananas e criava animais domésticos.

O bombardeio

Em 1932 assistiu os aviões de Getúlio Vargas sobrevoar a cidade de Santos para bombardear a zona industrial e usina Henry Borden instalada próxima a Serra do Mar. Depois passou um tempo trabalhando na construção de estradas na Serra do Mar e tuneis para a Usina.

O terceiro casamento

Também trabalhou na cidade de São Vicente na construção de jardins da Biquinha, ponto turístico da cidade. Após um tempo, retornou para Pernambuco, voltando ao Sítio Salgadinho onde casou-se novamente com Maria Clarice Alves, nascida em Lagoinhas.

O construtor

O casal teve filhos e moravam no sítio Salgadinho vivendo de agricultura. João Inácio da Silva era inventor e construía instrumentos musicais de forma artesanal. Chegou a construir um Órgão para a Igreja e construía também violões e máquinas para a casa de farinha instalada no sitio.

Estas invenções causavam certa admiração na comunidade do Sitio Salgadinho e Região. A construção da Igrejinha de Santo Antônio se iniciou porque ele, apesar de católico fervoroso, teve uma fase na sua vida professando o Esoterismo.

João Inácio - O exotérico

O fato é que, quando em São Paulo ele entrou em contato com o "Círculo Esotérico” e passou a estudar o que se falam como "ciências ocultas". Sendo assim, comprou livros e equipamentos, como globo para adivinhar futuro, cartas tarôs, telescópios e técnicas de magia e astrologia.

A revolta do Padre e o consultório exotérico

Levando estes estudos para o Sitio Salgadinho ele iniciou a praticar e dar consultas aos parentes e amigos e isto levou preocupação as muitas pessoas, incluindo a Igreja Católica que ali era na época representada pelo Padre Alfredo. Por volta de 1940, certo dia, um tio acompanhado do Padre Alfredo, chegou ao Sitio Salgadinho para o demover destas atividades.

O fim do consultório exotérico

A argumentação do padre era que ele sendo católico não podia levar avante estas atividades de ocultismo. A discussão foi calorosa e conta-se que passaram o dia discutindo. Ao final da tarde, após a saída do seu tio acompanhado do Padre Alfredo, João Inácio da Silva, juntou todo o equipamento do Esoterismo e livros sobre o assunto. Levando-os para o fundo do quintal quebrou os equipamentos, e queimou os livros e, por fim enterrou as cinzas em um buraco.

De exotérico para irmão Franciscano

Após este acontecimento ele iniciou a construção da Igrejinha de Santo Antônio e em entrou para a Ordem Franciscana Secular (O.F.S.; em latim Ordo Franciscanus Sæcularis) que é a atual denominação da Venerável Ordem Terceira da Penitência de São Francisco de Assis (ou Irmãos e Irmãs da Penitência). Uma organização da Igreja Católica destinada a reunir fiéis leigos e clero diocesano.

A volta de João Inácio a São Paulo

Após 1948 ele retornou com a família para o estado de São Paulo, onde veio a se instalar na zona rural da cidade de Marabá Paulista, no Pontal do Paranapanema, onde já existiam parentes trabalhando na agricultura da região. Neste local ele trabalhou como agricultor e depois na retirada de madeira.

A morte do frade Franciscano

Em 1960, João Inácio, mudou-se com a família para a cidade de Presidente Venceslau localizada no pontal do Paranapanema. Em 1967, levou a família para morar em São Vicente, no litoral Paulista. Durante uma época morou na cidade de Praia Grande no litoral e depois, já viúvo mudou-se com a filha para a cidade de Campinas onde veio a falecer em 23 de março de 1996, portanto com 93 anos de idade. 

A última visita de João Inácio

Em 1988, João Inácio, fez uma viagem ao Sítio Salgadinho a passeio e ficou maravilhado com o zelo com que os habitantes do Sítio salgadinho tinha dedicado a Igrejinha. Neste dia reuniu toda a família e visitantes para fazer uma oração.

O sepultamento

João Inácio, foi enterrado com a batina da Ordem Terceira de São Francisco no Cemitério Parque das Flores em Campinas São Paulo. Sempre participando das atividades da Igreja católica ele nunca deixou de inventar, principalmente instrumentos musicais e artesanatos de madeira, como oratórios que sempre traziam os aspectos visuais encontrados na parte frontal da Igrejinha do Sitio Salgadinho.

Texto de João Inácio Filho - Professor universitário

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