De acordo com a psicóloga Rosa Garrido, é comum o acometimento de patologias psicológicas em profissionais da segurança. As mais comuns, segundo a especialista, são: ansiedade; transtorno de humor; depressão – que pode ser aguda ou crônica -; transtorno de estresse pós traumático; Síndrome de Burnout – que é resultante de pessoas que exercem atividades com muita competitividade e responsabilidade, como é o caso dos policiais.
“É uma atividade que exige muito do indivíduo. Exige fisicamente, emocionalmente e psicologicamente. Eles [os policiais] estão expostos a vivenciar no seu cotidiano uma violência que é uma realidade em nossa sociedade, então isso agrava toda uma questão do ser humano.
O medo em relação a sua própria integridade física, e na maioria das vezes, isso é vivenciado em silêncio, ou seja, não é compartilhado”, explica. No caso de um surto, como ocorreu com o soldado Wesley, a psicóloga explica que a pessoa não consegue distinguir os pensamentos internos que ela possui com o que de fato acontece na realidade. Além disso, ele pode ser desencadeado após algum trauma sofrido pelo indivíduo recentemente.
“Apesar de popularmente ser utilizado para descrever mudanças comportamentais, o surto psicótico é a desorganização da representação da realidade. O surto é um episódio agudo apresentado pelo paciente e por trás dele existem diversas patologias que podem desencadear. Pessoas muito sensíveis também podem apresentar crises psicóticas se tiverem sofrido algum trauma intenso recentemente”, afirma.
De acordo com colegas do PM, que tinha 13 anos de serviço prestado na corporação, ele costumava ser brincalhão e sorridente, no entanto, nos últimos tempos, começou a se irritar com frequência.
Como contornar a situação
Antes de ser morto pelo Bope, Wesley invadiu o gramado em frente ao Farol, desceu do veículo, entoou palavras desencontradas, jogou objetos de vendedores ambulantes no mar e deu diversos tiros para cima.
A atuação dos agentes do Bope na ação dividiu opiniões e repercutiu em todo o país. A corregedoria da PM-BA instaurou um inquérito para apurar a conduta atribuída aos oficiais do Batalhão.
por Itamar França
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