7 de fevereiro de 2021

"CATÓLICOS DIABÓLICOS" (Pe. Paulo Cezar Mazzi)



"A Campanha da Fraternidade 2021 ainda não começou, mas as agressões à CNBB e à nossa Igreja, por dialogar com outras igrejas cristãs (pois a CF 2021 é ecumênica) e tratar de temas polêmicos como o feminicídio (assassinato de mulheres), a homossexualidade, o racismo, a violência social e a ecologia, estão “bombando” na Internet, por meio de vídeos caros, de alta qualidade, patrocinado por grupos ricos, feito por pessoas que se consideram mais católicas do que o Papa Francisco e os nossos Bispos, pessoas que acusam quem quer que seja que pense diferente delas de serem de “revolucionários de extrema esquerda”, sendo que, segundo a ignorância bíblica que caracteriza a sua fé, Deus é não apenas “de direita”, mas de “extrema direita”. 

O tema da CF 2021 é “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”, e o lema é “Cristo é a nossa paz: do que era dividido ele fez uma unidade” (Efésios 2,14)

Enquanto nossa Igreja propõe o diálogo com outras igrejas cristãs para trabalharmos juntos pelo Reino de Deus e por um mundo melhor, os católicos diabólicos enxergam a CF 2021 como uma campanha contra aquela que eles chamam de “Santa Igreja Católica”.  

Enquanto nossos bispos lembram ao mundo que “Cristo é a nossa paz”, os católicos diabólicos fazem guerra contra a CNBB na Internet. 

Enquanto as igrejas cristãs lembram ao mundo que Cristo derrubou o muro da inimizade que havia e do que era dividido fez uma unidade (cf. Ef 2, 14), os católicos diabólicos incentivam os católicos em geral a construírem um muro que os separe da CNBB e também do Papa Francisco pois este, na visão deles, é um Papa “de esquerda”.

Em um dos seus vídeos, os católicos diabólicos atacam o CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), responsável pela elaboração do texto-base da CF 2021. Rotulam seus dirigentes de serem todos “revolucionários de esquerda” e, para provarem sua tese, afirmam que o texto-base da CF 2021 não menciona em suas páginas termos como “Maria”, “Nossa Senhora”, “Mãe de Deus”, “sacramentos” nem “São José”. Falta a esses católicos diabólicos discernimento para saber a diferença entre um livro de catequese e um texto que busca apelar à consciência das pessoas de boa vontade para questões sociais que clamam por atitudes cristãs que sejam “sal da terra” e “luz do mundo” (cf. Mt 5,13.14). 

Como o texto-base não é um manual de propagação da doutrina católica, eles o definem como “um documento criminoso”, “um documento não católico”, “uma tragédia do início ao fim”.  
     
Criticando o posicionamento das igrejas cristãs frente a problemas sociais como o racismo, a agressão ao meio ambiente e ao grave problema do “feminicídio” (assassinato de mulheres), termo que eles, por serem negacionistas, consideram “absurdo”, esses católicos diabólicos acusam maldosamente a CNBB de defender e fazer propaganda da causa gay. 

Indo mais longe, afirmam que a CF 2021 pretende convencer os católicos a aceitar as práticas homossexuais e a “acolher os homossexuais sem exigir deles conversão”, coisa que em nenhum momento o texto-base propõe. Mas é assim que esses católicos diabólicos interpretam o documento. 

Por serem negacionistas, atacam os padres e bispos que fecharam suas igrejas para favorecer o distanciamento social e impedir uma contaminação ainda mais letal do novo coronavírus na população. 

Deformando a razão principal do distanciamento social, que é a preservação da vida das pessoas, eles acusam maldosamente esses padres e bispos de considerarem o serviço social como “algo não essencial” para as pessoas. 

Se tudo isso não bastasse, esses católicos diabólicos interpretam o convite que o texto-base da CF 2021 faz a respeitar as crenças religiosas dos índios afirmando que os organizadores da Campanha de pessoas que “condenam as missões católicas” e “negam o céu aos índios”. 

O vídeo que ora comento encerra-se convocando todos católicos a declararem guerra aos organizadores da CF 2021, o que, na verdade, é uma declaração de guerra à CNBB, e a guerra consiste em não colaborar com a coleta da CF, sempre realizada no Domingo de Ramos, cujo valor é assim dividido: 40% para as ações sociais da CNBB e 60% para as ações socias da Diocese. 

Literalmente, o vídeo faz a seguinte “chamada”: “Nenhum católico entregue o seu dinheiro para essas pessoas (organizadoras da CF 2021) que são más e estão trabalhando contra a Igreja Católica”. Não colaborar com a coleta da solidariedade, segundo o apresentador do vídeo, será “um ato de amor à Santa Igreja Católica”. 

Este apresentador termina seu desserviço ao diálogo ecumênico, à paz e à unidade entre os cristãos convidando as pessoas a espalharem seu vídeo pela Internet. Afinal de contas, é preciso que o inimigo continue a semear joio no meio do trigo (cf. Mt 13,25), inclusive, e sobretudo, dentro da Igreja, à qual o apresentador diz amar, nomeando-a como “Santa Igreja Católica”.

Texto de Pe. Paulo Cezar Mazzi

4 comentários:

  1. Não sabia que fazer comunhão com a iniquidade era missão da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, ou que teríamos que começar a rasgar as folhas da sagrada escritura e da sagrada tradição

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  2. Mais um padre comunista a servico do globalismo e de entregar a Amazonia. lamentavel!

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  3. Me desculpe Padre, mas foi a CNBB que jogou a campanha da fraternidade na lata do lixo. Não jogue essa responsabilidade pra nós, leigos.

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  4. Não é errado dialogar com outras crenças, é errado deixar de falar do pecado, deixar Maria de lado, céu e inferno. A Igreja sempre condenou isso. A tentativa da Igreja é levar a conversão e salvação das almas. Acolher o pecador, não o pecado. O problema é que outras crenças não querem e não estão abertos a isso.

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