Pais e responsáveis precisam reinventar-se para promover a afetividade e entreter
o público infantojuvenil durante a pandemia.
Leila Marco
O dia 12 de outubro,
dedicado às crianças no Brasil, trará em suas comemorações, neste ano de 2020,
reflexões bem mais complexas. Desde março, essa turminha não tem podido
desenvolver a habilidade social, afinal está longe da escola (só agora algumas
cidades ensaiam a volta às aulas), bem como dos amigos, colegas e mesmo de
familiares que são do grupo de risco (avós e pessoas com comorbidades), para
que se evite o contágio do novo coronavírus. Diversos especialistas da área
médica têm alertado para o estresse tóxico vivido durante o período, lembrando
aos pais e aos responsáveis a necessidade de buscar ajuda a fim de que se possa
atenuar as consequências, no futuro, desse turbilhão de sentimentos vividos na
atualidade.
A pesquisa “Impacto da Covid-19 na saúde das gestantes, novas
mães e seus filhos”* — divulgada, em agosto, pela Sociedade Brasileira de
Pediatria (SBP) e pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia (Febrasgo) — mostra que quase nove em cada dez pediatras (88%) dizem
que crianças apresentaram alterações de comportamento durante a pandemia.
Outro dado do levantamento, que deve ser observado com
atenção, revela que as oscilações de humor, como passar de felizes e ativas
para taciturnas e retraídas, são também relatadas por 75% dos médicos. O
documento destaca ainda mudanças importantes observadas, a exemplo de
ansiedade, irritabilidade, depressão, agitação, insônia, tristeza,
agressividade e aumento de apetite.
Tais circunstâncias podem se agravar, ainda, pela dificuldade
no trato social dentro o próprio lar. Segundo a psicóloga Suellen Guollo, com todo mundo em tempo integral na residência, “ocorrem
mais conflitos entre as pessoas. É preciso nesta hora manter a calma para tomar
decisões mais sábias, analisar as situações de forma realista e clara, para
lidar com as emoções, com os sentimentos, e ser uma boa referência para os
pequeninos. Eles também estão com o emocional abalado e precisam encontrar nos
adultos a calma, a maneira [adequada] para superar a ansiedade, a frustração e
a tristeza que estão sentindo”.
+ Leia mais na
edição n° 251 da revista BOA VONTADE: https://issuu.com/revistaboavontade/docs/bv_251
APRENDIZADO COM
ALIMENTOS
Para distrair a garotada nesta rotina
diferente nos lares, pais e responsáveis têm experimentado várias
possibilidades, a exemplo de atividades de culinária — opção da Carla Santos
e dos filhos Haylla, 8 anos, e Henry, de 9, que adoraram a vez em
que prepararam cuscuz salgado, prato típico do nordeste brasileiro. “Eles
fizeram a maior parte; eu só coloquei no fogo. Eles me ajudam na cozinha; eu
boto todos pra participar”, destacou a mãe de família.
Segundo a presidente da Sociedade
Brasileira de Pediatria, dra. Luciana Rodrigues Silva,
brincadeiras e tarefas domésticas realizadas em conjunto, como cozinhar, podem
ajudar a manter as crianças ocupadas e mais felizes. Ela alerta para não as
deixar o tempo todo em frente a telas de celulares e computadores, porque isso
não só pode provocar alterações de comportamento, como também contribuir para o
aumento da obesidade infantil. No link a seguir, você pode assistir à
entrevista completa da especialista e saber mais sobre a pesquisa “Impacto da
Covid-19 na saúde das gestantes, novas mães e seus filhos”: https://youtu.be/GmHmPR-k0xQ
*O levantamento foi realizado por
meio de questionário on-line, entre os dias 20 de julho e 16 de agosto,
com 1.525 profissionais, sendo 951 pediatras e 574 ginecologistas e obstetras
de todo o Brasil.
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