9 de abril de 2020

TEMPOS DE QUARENTENA por Piúta

Tempos de quarentena   
Nem a mais lúcida previsão poderia avaliar que se chegaria à situação atual. Quem lida com gente sabe que um dos problemas a ser enfrentado no período pós-trabalho, na aposentadoria, é a volta do convívio em casa, ou seja, voltar ao lar o tempo todo, durante todo o dia. É por isso que nos cursos de preparação para a aposentadoria, uma das preocupações é orientar o indivíduo para o convívio em outro ambiente, a sua casa. Achou estranho? E. Mas é o que acontece. Muitos de nós já ouvia a expressão: “a casa não nos pertence”. 
    Nesse período de reclusão forçada aparecem as mais diversas histórias de como as pessoas enfrentam a situação, as dificuldades, os impactos mentais, o relacionamento interpessoal, enfim... É um período de reflexão. Em casa há os que leem, que discutem, que são parceiros, que dividem. Também tem sido tempo de solidariedade. Acompanhar o noticiário na televisão o tempo todo pode levá-lo a adoecer de medo. Mas cuidado, a televisão não está inventando, ela apenas informa, exagera às vezes, mas não inventa. 
    Na outra frente, há os que tentam encontrar solução para o tal de vírus, pesquisadores, cientistas e governos se empenham em encontrar uma solução. Médicos, enfermeiros e pessoal de apoio em hospitais, clínicas e casas de repouso se expõem na missão de cuidar e tratar pessoas, uma demonstração inequívoca da vocação desses profissionais, se expõem diariamente na missão de salvar vidas. 
    As cidades estão vazias, vazias para conter o avanço da doença. Isso é o que se espera e é o que a ciência ensina. Das ruas vazias dos grandes centros veio à luz uma população invisível que costumamos não enxergar, os moradores de rua e suas necessidades.
As casas estão cheias – pais, mães e filhos no mesmo espaço o tempo todo – então o convite é para que aproveitemos esse tempo para pensar em coisas boas, compartilhar com os familiares e refletir sobre o ambiente que nos cerca, pois uma coisa me parece certa, o mundo não pode dar certo se continuar sendo apenas para o 10% dos terráqueos  que concentram 73% de toda a riqueza do mundo. Com diz a poesia do Skank “Se o país não for pra cada um / Não vai ser pra nenhum”, expandindo a poesia, podemos dizer: se o mundo não for para cada um / não será para nenhum.
A crise do coronavírus, quem sabe, leve governantes a repensar medidas para dar alento para milhões de pessoas mundo afora que vivem sem as mínimas condições de vida, a exemplo do Brasil onde milhões de pessoas sobrevivem em situação de miséria, mesmo sendo a décima economia do mundo e produzindo alimentos para alimentar gente em todo o globo. 

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