BARBÁRIE, PRECONCEITO E XENOFOBIA por Alexandre Piúta




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Barbárie, preconceito e xenofobia
    O mundo acompanhou nesses dias duas barbáries para as quais se procura explicação capaz de situar a sociedade sobre o que leva uma pessoa a matar dezenas de pessoas, sem nenhum nível de relacionamento capaz de gerar divergências que possam justificar tais atos. No Brasil foram 10 mortes e 11 feridos, na cidade Suzano no dia 13. No dia 15 foi na Nova Zelândia, na cidade de Christchurch, com 50 mortes e mais de 40 feridos.
    Os ataques no Brasil e na Nova Zelândia são partes de uma série de atentados, cada vez mais frequentes, a exemplo de Columbine, nos EUA em 1999, com 13 mortes, Boate Bataclan, em Paris, que ceifou a vida de mais de 120 pessoas, em 2015 e o ataque com caminhão em Nice, França, com 80 mortes, em 2016, entre outros.
    Na busca de explicações sociólogos, psicólogos, estrategistas, especialistas em segurança e administradores públicos se revezam nas explicações de pistas possíveis. Um emaranhado de caminhos surge em cada fala, revelando as dificuldades para se chegar a um ponto comum das razões que levam os envolvidos a esse tipo de ação.
Nos ataques mundo afora sobressaem o preconceito e a xenofobia como gatilhos detonadores de pessoas que se convertem ao extremismo e passam considerar ser impossível a convivência de pensamentos diferentes, quer sejam políticos, religiosos ou costumes.

As justificativas dos agressores, quando vem a público, para explicar tamanha crueldade e barbárie são, via de regra, recheadas de preconceitos, xenofobia e intolerância. Revelam também antagonismo político, a cor e a credo. Ou seja, irracionalidade, insensatez e desequilíbrio.
No brasil, as razões que levaram ao ataque na Escola Raul Brasil ainda é uma incógnita para investigadores e autoridades públicas. O que se tem são pistas que indicam problemas como discriminação sofrida pelos agressores (bullying) e ainda a possibilidade de ser ato de intolerância, tema que tem vindo à tona a partir de avaliação de perfil de redes sociais dos envolvidos.
Esses ataques podem também ser resultado da conturbação e desavença que o mundo vive, onde extremistas dispostos a ações de grandes repercussões têm levado pessoas e acreditarem que a violência é o caminho para mudar o status quo de desigualdade que priva e exclui a maioria da população do planeta de condições mínimas de sobrevivência.
    Os dias atuais trazem à memória o historiador Eric Hobsbawm no livro a Era dos Extremos, clássico do fim do século passado, numa de suas reflexões: “Nosso mundo corre o risco de explosão e implosão. Tem de mudar. Não sabemos para onde estamos indo. Só sabemos que a história nos trouxe até este ponto e por quê. Contudo, uma coisa é clara. Se a sociedade quer ter um futuro reconhecível, não pode ser o prolongamento do passado ou do presente.”

A reflexão que fica é a necessidade de a humanidade pensar como tem agido e, depois avaliar caminhos e alternativas que possam diminuir os abismos que temos presenciado. O desafio que temos pela frente será encontrar saída capaz de alterar o contexto atual, que possa comprometer a todos no esforço de compreensão e tolerância para se ter convivência pacífica e civilizada.
   
Francisco Alexandre – Engenheiro civil, Advogado, AMP – Harvard Business School

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