2 de outubro de 2018

COMO DESVENDAR AS BELEZAS NATURAIS DAS VEREDAS DA CAATINGA NO ALTO SERTÃO DE ALAGOAS

O clima semiárido é um tipo de clima caracterizado pela baixa umidade e pouco volume pluviométrico. Na classificação mundial do clima, o clima semiárido é aquele que apresenta precipitação de chuvas média entre 200 mm e 400 mm. A zona rural do município de Delmiro Gouveia está incluso nesse clima.

Dona Rosângela (à minha direita), é a grande líder do assentamento comunitário Lameirão e criadora do projeto ecológico subsistente Veredas da Caatinga. Os jovens, Messias e Rosana são condutores de turismo na região. Eles juntos dão um grande exemplo de perseverança e determinação, buscam a todo custo maneiras autossustentáveis para nunca deixar a comunidade que foram criados.

A caverna do Ancestral é um dos locais místicos, não se sabe ao certo para que serviu no passado, mas, relatos históricos constam que nesse local rituais espirituais foram realizados pelos antepassados. O local é de fácil acesso e torna-se o habitat de muitos morcegos.

Está a prova do sofrimento dos sertanejos e ribeirinhos do alto sertão de Alagoa, na divisa com os estados de Sergipe e Bahia. Riachos secos, vegetação de caatinga que até os cactos sentem com a alta estiagem, afinal, nessa região são 02 anos seguidos sem chuvas.

O riacho da Mina, no tempo de trovoadas bota enchentes grandiosas, porém, a realidade é bem outra, a falta de chuva deixa um semblante de deserto no meio da caatinga. Apenas areia, galhos secos e mesmo tendo água infiltrada em seu solo, serve para alimentar plantas que superam a seca por muito tempo. O pé de catingueira é o mais comum encontrar à beira do riacho.

Nem sempre na caatinga falta onde se esconder do sol ou das altas temperaturas. Durante a trilha, localizei essa pequena caverna debaixo de uma rocha coberta por folhagens e ramos das árvores da caatinga. Tive a sensação de ser um homem pré-histórico. Areia fininha, uma temperatura aceitável, bem mais úmida, bom para repousar...

Quem está na caatinga não se deve ter pressa. Fazer a Trilha Veredas da Caatinga é conhecer a realidade nua e crua do povo sertanejo, que vive o clima do semiárido alagoano que é composto por 28 municípios.

Essa região de rochas sedimentares, que há milhões de anos foi o fundo do mar, em plena caatinga tem aflorado suas geoformas e com uma coloração amarelada, onde cientificamente falando, chama-se de liquens.

No sítio do Platô, onde existe uma planície, há rochas cheias de pinturas rupestres. Ao mesmo tempo, os pequenos e médio espaços tornaram-se no passado, ponto de parada dos homens nômades. Como na região pelo mensos duas tribos foram localizadas, podem ser elas também ser responsáveis pelas gravuras rupestres. Há muito o que estudar sobre essa região.

Entre morcegos tive uma sensação de nômade dentro da Caverna do Ancestral. A umidade das rochas, a escuridão dos paredão interno da caverna (essa claridade é do flash da câmera), o silêncio da caverna e lá fora o cantar dos pássaros, foi uma experiência bem diferente do meu cotidiano.

A caverna do Ancestral está numa região dividida entre rochas de vários tamanhos e a vegetação rasteira de caatinga. Os morcegos são os principais moradores, mas, segundo relatos de moradores da região, há possibilidade que por ali houve rituais de danças ou de sepultamentos.

O que chama atenção nessa Craibeira é que sobreviveu a uma ação covarde do homem racional. Segundo informações, uma caçador da região, viu que no tronco da árvore tinha uma criatório de abelhas e por lá tinha mel, para desvencilhar-se das abelhas tocou fogo no pé da árvore para retirar o mel. A Craibeira sobreviveu, mas, ficou com a marca da parte queimada, que se tornou numa caixa de ressonância que cabe uma pessoa em pé, ou seja, quando você grita, fala alto, por exemplo, há um eco.
No meio das Veredas da Caatinga, conhecemos uma árvore centenária. Craibeira, Caraibeira, Caraíba, Caraúba ou Paratudo-do-campo, dependendo de cada região. 
Na língua Tupy recebe o nome de Carayba, que significa lenho forte e duro. Árvore de grande porte atinge de 5 a 20m de altura. Possui fruto do tipo folículo, com sementes aladas, dispersas pelo vento. É de grande importância econômica por ser uma planta de múltiplas utilidades, tendo sua madeira de textura mediana e coloração bege claro, é utilizada na carpintaria, vigamentos, esquadrias, móveis, cabos de ferramentas, caixotaria, artigos esportivos (tacos de bilhar), tábuas para embarcação, construção civil, fins medicinais e serviços diversos.

A vegetação do semiárido recebe diversos nomes, sendo designada por (estepe) na Europa e Ásia, (pradaria) na América do Norte, (pampas) na América do Sul, e (veld) no sul da África. 

A vegetação destas regiões é constituída por gramíneas e pequenos arbustos ocupando solos descobertos e incapazes de sustentar grandes plantas, porém nas regiões temperadas e subtropicais, esses solos são muito férteis, tendo algumas áreas voltadas para a produção agrícola ou pecuária.

O início da caverna do Ancestral é uma entrada cheia de rochas na laterais folhagens da árvores que ficam ao redor. Até que a temperatura nesse local é bem inferior aos 42 graus na parte externa da caverna.

O solo nessa região mais parece barro, mas, é uma argila acinzentada no meios das rochas com uma vegetação rasteira. As árvores que estão ainda com folhagem verde é fruto da raiz está muito profunda e sugar a água que está no lençol freático.

Vejam de um outro ângulo a abertura que existe na caverna do Ancestral, localizada em área de preservação ambiental dentro do assentamento Lameirão há poucos quilômetros das margens do rio São Francisco.

Estudando Geologia aprendi que considera-se água subterrânea toda aquela água que ocupa todos os espaços vazios de uma formação geológica, os chamados aquíferos. Em síntese, as águas subterrâneas são armazenadas ou em rochas sedimentares porosas e permeáveis, ou em rochas não-porosas, mas fraturadas. No município de Tacaratu, sertão de Pernambuco, há menos de 100 km de Delmiro Gouveia, tem um aquífero.

Com o jovem Messias do assentamento Lameirão, subimos nas rochas que ficam no sítio do Platô. A formação geológica das rochas, retratam que ali há milhões de anos foi o fundo do mar, já que as rochas sedimentares são ásperas, pontiagudas e tem uma certa resistência, porém, você pegando um pedaço consegue esmaga-la, daí a rocha vira numa argila.

O sítio do Platô quando o entardecer começa a surgir é uma grande manifestação da existência de Deus através da natureza. Os raios do sol batem nas rochas que dão uma tonalidade alaranjada, embelezando ainda mais o solo, a vegetação, o lugar.

A Pedra do Portal é uma formação geológica com grandes rochas e ao seu redor mistura-se a existência de cactos e árvores frondosas e ao mesmo tempo rasteiras.  Pode ser que há milhões de anos, ocorreu nessa região uma ação vulcânica no fundo mar, por isso temos essa beleza natural.

Pedra do Portal esse é o lugar! A primeira pergunta que fazemos quando chegamos perto e olhamos pra cima é: Quem colocou aquela rocha em cima das outras e na parte de baixo ficou um corredor dando acesso a parte interna do portal de Pedra. A resposta mais concreta é, obra do Criador do Universo e ponto

Nessas descobertas pela caatinga pude localizar um minério de Ferro, o lado bruto da origem do ferro. Geólogos estiveram nesse mesmo local e se surpreenderam com o potencial de minério de ferro cravado nas rochas que ficam na beira do riacho da mina.

Toda essa rocha é de ferro. A área está preservada. Os ambientalistas reconheceram que em toda as rochas que margeiam o riacho da Mina tem minério de Ferro. É o lado bruto do ferro cravado nas rochas.

Toda essa área tem vigilância do IBAMA por satélite. A caatinga com sua vegetação e toda a preservação que a fauna e a flora merecem, é acompanhado pelo projeto Veredas da Caatinga, que tem o comando de jovens do assentamento Lameirão, na zona rural de Delmiro Gouveia. Os moradores desse assentamento vieram de uma segunda ocupação do MST no estado de Alagoas, onde tem pessoas de várias cidades alagoanas e de outros estados, como por exemplo, Sergipe, Bahia e Pernambuco.

Confesso que foi uma grande experiência conhecer esse lugar...
Até a próxima!

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