18 de julho de 2018

O SURGIMENTO DE PALMEIRA, SEUS POVOS E SEU POTENCIAL TURÍSTICO QUE AINDA ESTÁ ESQUECIDO

De cima  da Serra do Boqueirão, pude registrar essa imagem da Comunidade do Riacho Fundo de Cima ou Riacho Santo, zona rural de Palmeira dos Índios-AL.
Pouco mais de 40 famílias residem no Riacho Santo, onde a população vive da produção no campo, já que as terras são muito produtivas.
Ter o privilégio de uma vista dessa não é para qualquer um.

A natureza tem seus caprichos, e a zona rural de Palmeira tem esses lugares especiais. Infelizmente, alguns dos seus primeiros habitantes (os índios), resistem na periferia urbana da cidade, nos mesmos lugares onde outrora foram suas aldeias, embriões do povoamento palmeirense, expostos às vulnerabilidades que tais lugares comportam.

A cidade de Estrela de Alagoas, antigo povoado Bola, vista de cima da Serra do Boqueirão.

A caatinga ocupa cerca de 10% do território brasileiro, com uma área de 844.400 km², estendendo-se pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e uma pequena porção ao norte de Minas Gerais.
A vegetação sorrateira e com um clima de inverno e chuvas constantes caindo no solo, deixa o meio ambiente ainda mais bonito.
A algarobeira é uma espécie vegetal arbórea da família Fabaceae, subfamília Mimosodae. É conhecida também pelos nomes pé-de-algaroba ou algarobo. Está árvore é nativa do Peru.
Imagine um roçado com a terra preparada em formato de coração. Muitas vezes a aração de terra tem esses caprichos. Se foi intencional ou não, a vista de cima ficou muito bonita a roça de palma.
A origem de Palmeira dos Índios está na segunda metade do século XVIII, resultado de um segundo ciclo de colonização lusitana no Brasil, implementado de acordo com os moldes da política de ocupação territorial arquitetada pelo Marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal durante o reinado de Dom José I. 
Parte do território de Palmeira dos Índios está numa planície, puxando para o lado do antigo povoado Bola, hoje, Estrela de Alagoas e pra os lados do município de Igaci. Boa parte do município é rica em fruticultura e na sua região serrana, alto potencial ecoturístico. Infelizmente, nesse aspecto, o município está muito atrasado, por falta de políticas públicas.
Na tempo da proclamação da Independência, os índios de Palmeira dos Índios recuperaram as terras invadidas pelos colonos criadores de gado numa campanha chefiada pelo diretor indígena Diogo José Pinto Cabral, mas, 5 décadas depois, o governador Silvino Elvídio Carneiro da Cunha, barão de Abiaí, deu fim a todos os aldeamentos alagoanos, declarando extintos, por conseguinte, todos os índios da então Província, diz o professor Cosme Rogério em uma das suas pesquisas.

Na subida da encontrei uma árvores exóticas invasoras arbóreas, posso citar a Leucena (Leucaena leucocephala), nativa da América Central. Com capacidade de produzir sementes em velocidade muito acentuada e dispersando-as pelo vento. Ela tem crescimento rápido e vem se alastrando pela Mata Atlântica e se tornou um problema ambiental. 
Pude registrar um ninho do pássaro conhecido por casaca de couro ou  como carrega-madeira-do-sertão, Cacuruta e Catapirra. Enquanto parei para da uma pausa na caminhada, vi a belezura da obra desse passarinho, mesmo sendo minúsculo, tem uns instinto de construtor.

A leucena abre a lista de exóticas invasoras na cidade, mas também traz consigo as amendoeiras, herança da colonização, as jaqueiras e diversas outras espécies.
Assim como os demais biomas brasileiros, boa parte da caatinga já foi desmatada, cerca de 46% de sua vegetação original. Os principais motivos para a sua acelerada devastação nos últimos anos foram a expansão da fronteira agrícola e, principalmente, a utilização de suas árvores para a produção de lenha.

A leucena, mm seu habitat nativo desenvolveu uma estratégia de produzir milhares de sementes. Isso porque a semente que encontrar apenas um pouco de água já irá germinar. Mas aonde o solo é seco só algumas sementes conseguem sobreviver. 
Aqui no Brasil, por ser um país tropical úmido, todas as sementes encontradas em condições ideais para germinar, deixa o meio ambiente muito mais arborizado. 
Entre a Serra das Pias e Boqueirão há um grande vale, onde facilmente pode-se encontrar nascentes de riachos e que num percusso maior, durante o inverno, com o surgimento das chuvas, logo, torna-se numa bonita correnteza.
A mistura de leucenas, mororós, mulungus e catingueiras, há uma parte da serra de mata fechada, dando oportunidade a outros sobrevivente e deixando a fauna e a flora cada vez mais protegida.
É possível que o uso exagerado de agrotóxicos no solo, possa matar árvores nativas, caso a raiz seja atingida. Outro método seria a queima de vegetação ao seu redor. Infelizmente, o desmatamento faz mal para todos e quem primeiro sente é a fauna e a flora.

Diz a história que os Xukuru-Kariri, como desde os anos 1950 se denominam os grupos indígenas existentes em Palmeira dos Índios, chegaram à segunda década do século XXI divididos em oito aldeamentos (Fazenda Canto, Mata da Cafurna, Cafurna de Baixo, Coité, Serra do Amaro, Capela, Boqueirão e Monte Alegre). 

Uma pesquisa realizada em 2012 pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) procurou medir a familiaridade do brasileiro com os temas ambientais. 
Com o título “O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo sustentável”, a pesquisa indicou que apenas 26% dos entrevistados soube definir o que é “Sustentabilidade” corretamente. 
A mistura de vegetação entre uma serra e outra faz com que possamos estudar ainda mais sobre reflorestamento e proteção ambiental. Na foto, vemos o trajeto da AL-115 pela Serra das Pias e ao fundo o Serrote do Vento que se nivela a Serra do Boqueirão em altura.
Para a maioria (69%), sustentabilidade é “garantir que os recursos naturais não sejam destruídos pelos seres humanos”. 
Um dos problemas graves que atinge o bioma da caatinga é o processo de desertificação dos solos, que é causado pelo uso inadequado e intensivo dos solos, sobretudo pela produção agrícola dos grandes latifúndios. O uso exagerado de agrotóxicos tem provocado também a desertificação.

Para quem já escalou os 450 metros do Serrote do Vento em Estrela de Alagoas, subir os 500 metros da Serra do Boqueirão, foi uma outra experiência que nos enche de energia boa. Na verdade, nos rejuvenescemos.
Para quem já subiu ou desceu de carro alguma vez a Serra das Pias, tenho certeza que não conhece seu outro lado. Há mata fechada numa parte e roçado em outra. A altura é apenas um dos obstáculos.
Por onde passa a camada asfáltica da AL-115, não imagina que as poucas curvas sinuosas e perigosas, se escondam dentro de uma vegetação indescritível. O fluxo de caminhões e carretas diariamente é crescente, já que essa rodovia faz ligação com o estado de Pernambuco.
Se de baixo o paisagismo da seu espetáculo, imagine, com essa vista panorâmica que esse blogueiro presenciou e registrou. É importante lembrar que os índios Xukuru-Kariri que tiveram o privilégio de ter essa vista. 
Nesse trecho da AL-115 (Serra das Pias), esquecido pelas autoridades, já vitimou muitas famílias, devido a vários acidentes trágicos. Esse trecho é respeitado. Ou se tem atenção ou entra nas estatísticas negras do trânsito brasileiro. Nessa parte nunca se foi colocado proteções, tipo guard-read.
Em síntese, aprendi que se é para fazer as coisas, faça bem feito e viva intensamente. Em cada trilha que faço, tenho me energizado, olhado para frente e seguido em frente. Subir a Serra do Boqueirão, em Palmeira dos Índios-AL, foi mais um aprendizado.

SERRA DO BOQUEIRÃO SIGNIFICA
Boqueirão
substantivo masculino
1. Boca extensa ou muito aberta; bocarra.
2. Grande boca de um canal ou rio.

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