Todo
dia é dia de Índio
Paiva Netto
Os registros históricos
relatam que, no I Congresso Indigenista Interamericano, ocorrido no México, em
1940, representantes de diversos países convidaram os índios a se sentarem à
mesa para o debate cujo tema central era a própria situação deles no continente
americano. A princípio, os protagonistas do evento, receosos, não compareceram.
Porém, no dia 19 de abril, numa demonstração de cordialidade, aceitaram
participar do acontecimento. Por isso, nessa data foi instituído o Dia do
Índio. O objetivo principal era o de exigir dos governos a criação de políticas
que salvaguardassem a cultura e a qualidade de vida dos povos indígenas. No
Brasil, em 2 de junho de 1943, o presidente Getúlio Vargas (1883-1954) assinou o decreto de lei no5.540,
determinando que no país aquela data também fosse dedicada ao índio.
Ao longo do tempo, apesar
dos esforços de garantir a eles o direito de viver em suas terras com
dignidade, há muito o que fazer ainda. Eles são merecedores do maior respeito.
Os versos do entusiasta Jorge Ben
Jor, na composição em parceria com o saudoso Tim Maia (1942-1998) e imortalizados na voz de Baby do Brasil cá na Terra Brasilis, valem nossa
reflexão: "(...) Pois todo dia,
toda hora, era dia de índio/ Mas agora eles só têm um dia / O dia dezenove de
abril (...)".
Sepé-Tiaraju
A história de nosso povo e
de sua luta por tornar o país soberano tem, na atuação dos índios, capítulo dos
mais relevantes. Grandes guerreiros o grafaram com as tintas da coragem e do
amor ao torrão natal. Um deles, Sepé-Tiaraju,
guarani de São Miguel das Missões, teve seu nome inscrito em 18/4/2006, pelo
Senado Federal, no Livro dos Heróis
da Pátria. A honrosa distinção partiu de um projeto do senador pelo Rio
Grande do Sul dr. Paulo Paim.
O Brasil que desejamos ver
progredir, nunca deixando de lado seu natural espírito solidário e fraterno, é
composto também por decididas Almas, como a de um Sepé-Tiaraju que, a 7 de
fevereiro de 1756, na resistência à invasão dos Sete Povos das Missões, bradou: "Esta terra tem dono!".
De fato, esta terra é
de Jesus, a presença que a
todos ilumina! E como gosta de saudar um Irmão Índio, grande amigo nosso,
conhecido como Flexa Dourada (Espírito): "Salve, Jesus!".
José de Paiva Netto,
jornalista, radialista e escritor.
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