O DISCO
O nosso mais famoso carcereiro foi seu Guilhermino. Baixinho,
cor morena claro, chapéu XXX permanentemente na cabeça, cigarro no canto da
boca e gostava de tomar uma cachacinha. Seu Guilhermino além de carcereiro era
também dono de um bar que ficava atrás do CINE BRASILIA.
A função de carcereiro tomava pouco tempo de Guilhermino, por
isto ele passava mais tempo no bar que na cadeia. Guilhermino era fã de
Teixeirinha, principalmente da música “CORAÇÃO DE LUTO”. Toda tarde depois das
15 horas Guilhermino abria uma garrafa de cachaça, pegava uma Coca-Cola, abria
uma lata de sardinha “coqueiro” misturava ela com farinha e colocava na vitrola
o disco de Teixeirinha e ali passava o resto da tarde, tomando cachaça com
Coca-Cola e comendo sardinha com farinha. O disco terminava de tocar e
Guilhermino colocava ele de novo na vitrola. Isto era feito todo santo dia.
Seu Antônio Tenório era vizinho de Guilhermino, e tinha de
aguentar todo dia a música de Teixeirinha. Certo dia chega seu Antônio Tenório
da fazenda, puto da vida, pois um empregado tinha feito uma merda. A primeira
coisa que ele escuta é a música “coração de luto”, não tem conversa, sai de
casa e vai para o bar de Guilhermino, chegando lá diz – Guilhermino eu sou fã
desta música de Teixeirinha, eu gostaria de comprar este disco – Guilhermino
então diz - seu Antônio este disco é de minha estimação, não tem mais para
vender, eu não vendo de jeito nenhum – então seu Antônio Tenório com muita
calma diz – Guilhermino eu pago qualquer preço por este disco – então
Guilhermino vendo a possibilidade de ganhar um dinheiro extra disse – seu
Antônio eu só vendo por 100 cruzeiro (o disco não valia nem 10 cruzeiro).
Seu Antônio não teve conversa, meteu a mão no bolso e tirou
100 cruzeiro, entregou a Guilhermino e pegou o disco, Guilhermino diz e a capa
– seu Antônio Tenório diz – pode ficar com a capa, quando chegou no lado de
fora do bar de Guilhermino, tascou o disco no chão e pisou de pé, só deixando
os cacos.
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