PAI DE SANTO PASSEATA
Não perguntem o nome verdadeiro dele que eu não sei, e também
porque o apelido de Passeata, que eu também não sei. Desde quando me entendi de
gente, que o conheci por Passeata. Tinha estatura mediana, era magro, cor
morena, um pouco careca, os olhos um pouco esbugalhados e usava chapéu. Todos
os bom-conselhense das décadas de 60, 70 e 80 conheceram Passeata.
No tempo passado, nossa cidade tinha uns 5 a 6 engraxates,
eles se concentravam com suas caixas de engraxates aonde hoje é a Designe
Calçados. O mais famoso, deles era Passeata. Um sapato nas mãos de Passeata sai
novinho em folha. Passeata gostava de tomar umas e era o que podemos chama de
bêbado chato, pegajoso, conversa mole que não acabava mais.
O tempo foi passando o tênis foi tomando o lugar do sapato de
couro, as graxas prontas que passaram a ser vendidas nos supermercado também
facilitou a tarefa de engraxar o sapato em casa, e com isto, foi se acabando os
engraxates.
Numa reviravolta espetacular, o nosso engraxate Passeata,
colocou um terreiro de Candomblé e passou a se chamar Pai de Santo Passeata,
incorporando as mais diversas divindade do nosso sincretismo religioso. Zé
pilintra, Exu, Ogum etc. Todos estes santos do Candomblé baixava no terreiro de
Pai Passeata. Mesmo passando a ser uma autoridade religiosa, Passeata não
deixou de tomar suas carraspanas, e quando bebia continuava do mesmo jeito,
insuportável.
Quando menos esperamos passeata desaparece de nossa cidade, e
vai embora para São Paulo. Ele já tinha alguns filhos morando lá. Nunca mais
Passeata veio visitar a nossa querida Bom Conselho.
Quem sentiu muito a falta de Passeata foi Noé, pois diziam
que eles tiveram um caso amoroso ah ah ah. Vai aqui esta minha homenagem a este
bom-conselhense que já estava esquecido por todos.
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