Por Luciano Siqueira
Assuntos
internos de um partido cabem a seus próprios dirigentes e militantes.
Cada partido se organiza, funciona e trata seus problemas a seu modo – e
não é conveniente que aliados se imiscuam.
A
disputa renhida que ora se envolve o PT no Recife, entretanto, direta
ou indiretamente respinga em seus aliados da Frente Popular, que embora
guardando conveniente distanciamento observam apreensivos o desenrolar
dos acontecimentos. A possibilidade de unificação de todos em torno de
uma candidatura única, em princípio a ser apresentada pelo PT, reside em
boa medida na capacidade desse partido se apresentar unido diante dos
demais. Se a prévia para escolha do nome que deve concorrer à Prefeitura
do Recife é efetivamente um instrumento democrático – como asseveram os
petistas -, o mínimo que se espera é que terminado o pleito interno, o
lado perdedor apoie o lado vencedor. Democracia é assim.
A
apreensão dos aliados se aguça quando se assiste a continuidade de uma
disputa verbal, pública, veiculada pelos jornais, emissoras de rádio e
demais mídias – inclusive pelas redes sociais – marcada por termos
inadequados ao bom trato de discrepâncias e entrechoques de propósitos.
Invalidada a primeira prévia, até que ocorra a segunda, prevista para o
próximo dia 3, o PT se submete a uma espécie de purgatório, tendo se
comprometido a afinal resolver suas pendências internas, sob o olhar
atento dos aliados.
O
desgaste público do PT recifense é inequívoco. Houvesse o contraponto
de uma oposição competente e hábil, as consequências poderiam ser mais
severas do que as até o momento visíveis. Mas a oposição, anêmica de
ideias e desunida, carece de rumo.
Mais:
o PT é maior do que sua crise; acumula todo um conjunto de realizações
iniciadas em 2001, quando assumiu a gestão da cidade sob a liderança de
João Paulo, e sequenciadas na atual gestão comandada por João da Costa,
em que pesem os contratempos internos à própria legenda, com reflexos
administrativos, e as limitações do prefeito no exercício da liderança
da coalizão partidária. Tem um crédito que não se exauriu.
Por
seu turno, a Frente Popular no Recife é maior do que o PT. Em se
confirmando o melhor cenário – a solução do conflito interno petista no
próximo dia 3 -, o conjunto das forças que a compõem reúne experiência e
capacidade de articulação para virar a página e redefinir os termos da
unidade necessária. E iniciar imediatamente um novo diálogo em torno da
proposta programática, da composição da chapa majoritária e do desenho
da disputa pela Câmara Municipal – isto dentro de um modelo de
convivência entre o PT e os partidos aliados em que todos se vejam
partícipes ativos do projeto comum.
*Luciano Siqueira - Presidente do PCdoB em Pernambuco e deputado estadual
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